Moradores do Grande ABC Paulista preocupados com chuva de pó branco

Na sexta-feira, 24 de maio, um misterioso pó branco cobriu residências e veículos nos bairros de Parque São Vicente, em Mauá, e regiões adjacentes de Santo André, no Grande ABC Paulista. Os moradores, que vivem próximos ao Polo Petroquímico de Capuava, expressaram preocupação e indignação com a poluição proveniente do complexo industrial.

Resposta das autoridades

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi acionada na noite de quinta-feira, 23 de maio, e confirmou a presença do pó, atribuindo sua origem a falhas operacionais em uma refinaria local. “Constatou a presença do pó branco” provocado por falhas operacionais de uma refinaria da região, informou a agência, ressaltando que a substância não apresenta riscos sérios à saúde, embora recomendem buscar atendimento médico em caso de reações alérgicas.

Esclarecimento da Petrobras

A Petrobras esclareceu que, na madrugada de sexta-feira, ocorreu uma “emissão pontual de material particulado” na Refinaria de Capuava, resultado de uma manutenção programada. A empresa garantiu que a situação estava controlada e que medidas estavam sendo tomadas para evitar novas ocorrências.

Histórico de problemas ambientais

José Luiz Saikali, promotor de Justiça do Meio Ambiente de Santo André, lembrou que a poluição causada pelo Polo Petroquímico é um problema antigo. “É um problema muito antigo, e a ação teve como base uma pesquisa da endocrinologista Maria Ângela Zacarelli no final da década de 1980”, afirmou o promotor. Saikali reforçou que o objetivo é garantir o bem-estar da população sem comprometer a atividade econômica.

Reações dos moradores

Moradores como Jardel Enzeberg, que vive no Parque São Vicente desde que nasceu, relataram que além do pó branco, outros problemas ambientais persistem na área. “Há algumas semanas, todo mundo comenta sobre um barulho que parece uma turbina durante a noite. É um barulho ensurdecedor que incomoda na hora de dormir”, disse Jardel. A comunidade frequentemente troca mensagens em uma página de vizinhança, onde compartilham preocupações e informações sobre a poluição.

Incidentes anteriores

Este não é um caso isolado. Em 2022, uma situação semelhante ocorreu, com o mesmo pó branco invadindo casas e carros próximos às fábricas. A prefeitura de São Paulo, devido à proximidade com a Zona Leste da capital, conduziu um estudo no ano passado para verificar o impacto desses resíduos. Embora a análise tenha descartado uma ligação direta entre as emissões e casos de doenças na tireoide, não excluiu a possibilidade de outras enfermidades relacionadas à poluição industrial.

A recorrência de tais eventos continua a gerar insatisfação entre os moradores, que clamam por soluções definitivas e uma maior fiscalização das atividades industriais na região.