Bombardeio em Gaza mata nove filhos de casal de médicos

Ataque aéreo israelense destrói casa de pediatra durante seu plantão; apenas um dos filhos sobreviveu, em estado grave

Por Plox

26/05/2025 07h22 - Atualizado há 10 dias

Durante um plantão no hospital Nasser, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, a pediatra Alaa al Najjar recebeu a notícia mais devastadora de sua vida: sua casa havia sido atingida por um bombardeio do Exército de Israel. Ao chegar ao local, ela se deparou com os corpos carbonizados de seus filhos sendo retirados dos escombros.


Imagem Foto: Reprodução vídeo


No dia seguinte, sob uma tenda de luto montada perto do que restou da residência, Alaa permaneceu em estado de choque, cercada por mulheres que choravam. As explosões ainda ecoavam pelo território palestino, mergulhado em uma guerra desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.


Segundo relatos de sua irmã, Sahar al Najjar, a médica encontrou sua casa totalmente destruída, reduzida a destroços sob os quais estavam seu marido e os dez filhos. Sahar revelou que nove das crianças estavam irreconhecíveis devido às queimaduras. O único filho sobrevivente, Adam, de 10 anos, está internado em estado grave junto com o pai, Hamdi al Najjar, também médico.



A Defesa Civil da Faixa de Gaza confirmou no sábado a morte das nove crianças do casal. O Exército de Israel afirmou que bombardeou “indivíduos suspeitos de operar a partir de uma estrutura” nas proximidades de seus soldados, mas acrescentou que as alegações de danos civis ainda estão sendo avaliadas.


De acordo com familiares, o ataque ocorreu sem aviso prévio na tarde de sexta-feira. No momento do bombardeio, as crianças estavam em casa com o pai. Alaa, que estava no hospital, correu até a residência, sem acesso a veículos, e entrou em desespero ao reconhecer a filha Nibal entre os corpos carbonizados.



Ali al Najjar, irmão de Hamdi, contou que ao chegar viu o irmão com a cabeça ferida, uma das mãos arrancada e o corpo coberto pelos escombros. Adam foi retirado por Ali com o corpo queimado e levado às pressas para o hospital. Segundo os relatos, não havia mais nada além de ruínas.


Hamdi al Najjar passou por várias cirurgias no hospital de campanha da Jordânia. Parte do pulmão direito precisou ser removida, e ele recebeu 17 bolsas de sangue. Seu filho Adam teve uma mão amputada e apresenta queimaduras graves por todo o corpo.


“Não há lugar seguro em Gaza. A morte é melhor que este suplício”, lamentou Ali, que agora se preocupa com o momento em que terá que contar ao irmão sobre a morte dos filhos. “Enterrei todos em duas sepulturas”, disse.


“É uma perda imensa. Alaa está destruída”, resumiu Mohammed, um dos amigos próximos da família. A guerra continua a devastar a Faixa de Gaza, onde mais de 3.000 pessoas já morreram desde o início do conflito.


Destaques