Haddad defende aumento do IOF e diz que medida passou por Lula

Ministro afirma que mudança foi debatida com o presidente e nega falhas na condução da política fiscal

Por Plox

26/05/2025 07h26 - Atualizado há 22 dias

Durante entrevista ao jornal O Globo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou os bastidores da decisão que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), defendendo a medida e negando qualquer falha na sua condução.


Imagem Foto: Agência Brasil


Haddad destacou que o tema foi discutido diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que convocou os ministros relevantes para tratar do assunto. $&&$“Isso foi debatido na mesa do presidente. E o presidente convoca os ministros que ele considera pertinentes para o caso”$, afirmou o ministro, ressaltando que houve embasamento técnico para a decisão.

A medida, que integrou um conjunto de ações econômicas que também incluiu o contingenciamento de R$ 31,3 bilhões, gerou reação imediata no mercado e dentro do próprio governo, sendo parcialmente revertida pouco depois. Haddad explicou que, assim que teve conhecimento de ruídos na interpretação da medida, reuniu sua equipe e providenciou ajustes. Segundo ele, o processo de correção foi iniciado poucas horas após o anúncio inicial.



Apesar da polêmica, o ministro enfatizou que a regularização do IOF já vinha sendo estudada há bastante tempo. Para ele, medidas regulatórias como essa são continuamente revisadas e ajustadas conforme o cenário exige. “Estamos sempre reavaliando as medidas, calibrando conforme a necessidade e, muitas vezes, sem que isso seja notado”, pontuou.


Questionado sobre a possibilidade de o aumento configurar um tipo de controle de capitais, especialmente no caso de remessas ao exterior e compra de papel moeda, Haddad refutou a ideia. Ele afirmou que um dos objetivos da revisão foi justamente dissipar essa impressão: “Essa sensação se dissipou com a revisão que foi feita. Isso nunca esteve no horizonte do governo”.



O impacto político também foi abordado na entrevista. Haddad reconheceu que, mesmo diante de indicadores positivos como o crescimento acima do esperado e a geração de empregos, o presidente Lula enfrenta desgaste. Para ele, a avaliação popular não se restringe à economia. $&&$“A economia sempre vai ser muito importante, mas, no contexto atual, ela não é o todo de uma avaliação. A extrema direita mobiliza uma agenda cultural mais ampla, que transcende a questão econômica”$, declarou.

Sobre as medidas adotadas para aliviar o peso sobre os consumidores, como o vale-gás e a redução na conta de luz, Haddad negou que se tratem de estratégias eleitorais. “Corrigir injustiças não pode ser visto como oportunismo”, disse, acrescentando que há espaço para essas políticas sem ameaçar o controle da inflação. Ele ainda previu que os índices inflacionários devem surpreender positivamente no fim do ano, com retorno à meta em 2026.



Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Partido dos Trabalhadores (PT) disputar as eleições presidenciais de 2026 sem Lula, Haddad foi taxativo ao dizer que esse cenário está fora de cogitação. Segundo ele, o tempo é curto demais para discutir uma alternativa à candidatura do ex-presidente.


Encerrando a entrevista, o ministro também afastou a hipótese de concorrer ao pleito em 2026. Disse já ter comunicado sua decisão à direção do partido: “O presidente nunca me perguntou sobre isso. Mas manifestei para a direção do PT, com bastante antecedência, que não tinha a intenção de ser candidato em 2026”.



O episódio envolvendo o IOF reforça o cenário de tensão e ajustes constantes na política econômica do país, exigindo respostas rápidas e articulação entre diferentes frentes do governo.


Destaques