Protesto bloqueia vias em Copacabana contra novas regras nas praias

Ambulantes e barraqueiros se manifestam contra decreto que proíbe música ao vivo e uso de garrafas de vidro nas orlas do Rio

Por Plox

26/05/2025 21h23 - Atualizado há 1 dia

Duas faixas da Avenida Atlântica, em Copacabana, foram tomadas por ambulantes e donos de barracas que protestaram, na tarde desta segunda-feira (26), contra o novo decreto da Prefeitura do Rio, que altera regras nas praias da capital.


Imagem Foto: Reprodução/TV Globo


A manifestação começou por volta das 13h, em frente ao Copacabana Palace, sentido Ipanema, obrigando a CET-Rio a desviar o tráfego para a Rua Barata Ribeiro. Até as 15h, os manifestantes já tinham se deslocado até a Avenida Vieira Souto, na altura do Posto 9, mantendo o bloqueio parcial com faixas e cartazes.


O motivo da revolta é o decreto publicado no dia 16 de maio, que começa a valer no próximo domingo (1º de junho). Entre as mudanças estão a proibição de música ao vivo nos quiosques, a vedação de uso e venda de garrafas de vidro e a exigência de cadastro para atuação de ambulantes na areia.



Durante o ato, os manifestantes reclamaram da falta de diálogo com o poder público. “Se for pra entrar no acordo, a gente entra. Tira o palito, bota o queijo no papel, não tem problema, vamos mudar tudo. Vem conversar com a gente, nem conversaram. O mate foi legalizado, por que o milho e o queijo não podem?”, questionou o vendedor de queijo Ari Ferreira.


Segundo os ambulantes, muitos já tentaram se cadastrar junto à prefeitura, mas não foram atendidos. Eles temem perder seus postos de trabalho com a nova regulamentação.



Em resposta ao movimento, a prefeitura agendou uma reunião para esta terça-feira (27), às 9h30, com donos de quiosques e barracas. Também participarão vereadores que integram a comissão especial da Câmara do Rio, criada para discutir o tema.


A medida também é criticada por empresários do setor. A Orla Rio, empresa responsável pela gestão dos quiosques, e o sindicato de bares e restaurantes afirmam que a música ao vivo é essencial tanto como atrativo turístico quanto para a manutenção de empregos, especialmente na baixa temporada.


“São mais de 550 músicos por mês que a gente contrata. Tirar a música afeta diretamente o faturamento e o emprego de muita gente”, explicou Bruno de Paula, empresário e sócio de cinco quiosques. A Orla Rio estima que a proibição pode causar a perda de mais de 1.200 empregos e gerar um prejuízo anual de dezenas de milhões de reais.



Paralelamente, uma audiência pública na Câmara dos Vereadores, originalmente marcada para discutir o projeto de lei do vereador Flavio Valle (PSD), que também propõe regras para o ordenamento das praias, acabou absorvendo o debate sobre o decreto municipal. Parlamentares e representantes dos trabalhadores da orla foram unânimes ao afirmar a importância de organização nas praias, mas criticaram pontos específicos do decreto, especialmente o veto à música.


Segundo os vereadores, há chance de o prefeito Eduardo Paes rever algumas das medidas, após os apelos feitos durante a audiência. Até a data em que o decreto passa a valer, agentes da Secretaria de Ordem Pública realizam ações de orientação com os comerciantes da orla.



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