Após 30 anos, trólebus histórico retorna a Santos para restauração em museu

Veículo elétrico de 1963 será restaurado e fará parte do acervo do futuro Museu Ferroviário no Valongo

Por Plox

26/06/2025 20h07 - Atualizado há 2 dias

Após quase três décadas longe de sua cidade de origem, o trólebus número 625 retorna a Santos, no litoral paulista, para ser restaurado e integrar o acervo do futuro Museu Ferroviário, localizado no bairro do Valongo.


Imagem Foto: Divulgação/Prefeitura de Santos

Fabricado em 1963 pelas italianas Alfa Romeo, Fiat e Marelli, o veículo foi um dos 50 adquiridos pelo antigo Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC) para inaugurar o sistema de transporte elétrico sobre pneus na cidade. Desativado e leiloado como sucata em 1994, o trólebus foi comprado por Mauro Diegues, da família fundadora da Expresso Brasileiro, que operava linhas municipais na década de 1960. Preservado, o veículo tornou-se um monumento na chácara Recanto Diegues, em Conchal, interior de São Paulo.


Imagem Foto:Divulgação/Prefeitura de Santos

Em 2024, o trólebus foi colocado à venda online e adquirido pela empresa de logística portuária AGEO Norte, por meio de um instrumento de implantação de medidas mitigadoras ou compensatórias (TRIMMC). A empresa optou por destiná-lo à preservação histórica, mesmo diante de ofertas financeiras superiores de colecionadores particulares. A operação de transporte durou mais de 11 horas, incluindo quatro para a retirada, cinco de viagem e quase duas para o descarregamento em Santos.



O processo de restauração será conduzido pela equipe técnica da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET-Santos), que realizará uma pesquisa documental e atividades de campo para avaliar as condições atuais do veículo. O objetivo é elaborar um plano de restauração focado na fidelidade histórica e integridade visual, mantendo suas características originais. A restauração será executada pela Viação Piracicabana, especialista em manutenção de trólebus e ônibus, após a conclusão dos levantamentos técnicos e aprovação do Departamento de Patrimônio.



O futuro Museu Ferroviário de Santos, com investimento de R$ 9 milhões em parceria com o Governo do Estado, está em fase de implantação no cais do Valongo. O espaço será adaptado para exposições, restauração e ações educativas, reunindo locomotivas, vagões e bondes raros, configurando uma das maiores iniciativas de preservação ferroviária da América Latina. Do sistema trólebus, o acervo histórico inclui a carcaça de outro veículo idêntico, que será recuperado cosmeticamente, uma subestação elétrica móvel — única no mundo — e um caminhão guincho de 1970 usado no serviço de socorro.



Os trólebus surgiram como evolução dos bondes, mantendo a tração elétrica e aproveitando a infraestrutura urbana existente. Em Santos, complementavam o sistema de bondes, com a primeira linha instalada na Avenida Washington Luís, única via principal sem trilhos. O acervo de bondes inclui outro exemplar fabricado pela Fiat, marca que produziu bondes e trólebus nas décadas de 1950 e 1960. Segundo a prefeitura, isso faz de Santos a única cidade da América do Sul com os dois modelos da fabricante italiana em exposição permanente.


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