Prefeito de Sorocaba é investigado por suposto esquema de desvio de verbas na saúde
Rodrigo Manga teria mantido contato com organização suspeita antes de assumir o cargo; contratos ultrapassam R$ 100 milhões
Por Plox
26/06/2025 10h36 - Atualizado há 1 dia
Durante a campanha eleitoral de 2020, Rodrigo Manga, então candidato à prefeitura de Sorocaba, já mantinha contato com representantes do Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Iase), anteriormente conhecido como Aceni.

Em setembro daquele ano, uma conversa entre Paulo Korek e Anderson Luiz Santana, membros da diretoria do instituto, indicava apoio à candidatura de Manga. Após sua eleição, o Iase firmou contratos com a prefeitura que somam mais de R$ 100 milhões.
Três meses após assumir o cargo, em março de 2021, Paulo Korek comunicou ao secretário de Administração, Fausto Bossolo, sobre sua chegada para uma reunião no gabinete. Em junho do mesmo ano, mensagens entre representantes da Aceni revelaram que o secretário de Saúde, Vinícius Rodrigues, desejava que a organização assumisse um serviço na cidade, estimando um valor de “uns 20 por mês”.
Em abril de 2025, a Polícia Federal deflagrou a operação Copia e Cola, investigando suspeitas de fraudes na contratação do Iase para administrar serviços de saúde em Sorocaba. A operação teve como alvos Rodrigo Manga e a primeira-dama, Sirlange Maganhato. A PF também teve acesso a e-mails de funcionários da Aceni enviados à Medmais, empresa fornecedora de medicamentos pertencente ao cunhado de Korek, Carlos Korek Farias. Os e-mails indicam que a Aceni já sabia que assumiria a gestão da UPA do Éden antes da conclusão do processo, que ocorreu em julho de 2021.
Outra frente da investigação aponta para a compra de uma casa de alto padrão por Rodrigo Manga, com entrada de R$ 183 mil em espécie, sem comprovação de origem. A primeira-dama também é investigada por movimentações financeiras suspeitas envolvendo a igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, que repassou R$ 750 mil à empresa de Sirlange entre 2020 e 2022. A igreja é liderada pela irmã e pelo cunhado da primeira-dama.
A PF identificou ainda que Marco Silva Mott, amigo de infância de Manga, movimentou mais de R$ 6 milhões em espécie, sem origem comprovada. Mott teria atuado como operador financeiro do esquema, realizando depósitos em dinheiro vivo após reuniões na prefeitura. Em uma das ocasiões, câmeras de segurança registraram Mott depositando R$ 20,4 mil em uma agência bancária de Sorocaba.
Em maio de 2025, Rodrigo Manga, o ex-secretário de Educação Márcio Carrara e a empresa Educateca se tornaram réus em ação de improbidade administrativa por suspeita de superfaturamento de R$ 11 milhões na compra de lousas digitais. Auditoria do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo constatou que, de cada R$ 4 gastos, R$ 1 foi superfaturado. Além disso, Manga é investigado por favorecimento em licitação de semáforos e por superfaturamento na aquisição de kits de robótica no valor de mais de R$ 20 milhões.
Apesar das investigações, Rodrigo Manga mantém presença ativa nas redes sociais, com 3 milhões de seguidores no TikTok e no Instagram. Em abril de 2025, anunciou que aceitaria o convite do PRTB para ser pré-candidato à Presidência da República em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro não participe da disputa. Segundo a assessoria do prefeito, ele recebeu apoio do presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (ES).