Explosão de casos de coqueluche em Minas Gerais gera alerta de saúde

Aumento significativo de casos acende alerta para vacinação em Minas Gerais

Por Plox

26/07/2024 07h17 - Atualizado há cerca de 1 mês

O número de casos de coqueluche em Minas Gerais de janeiro a julho de 2024 já é três vezes maior do que os registrados durante todo o ano de 2023, colocando em alerta as autoridades de saúde. O estado contabilizou 49 casos nos primeiros sete meses deste ano, o maior número dos últimos seis anos, superando os 14 casos registrados em 2023.

Foto: Pixabay/ Reprodução

Tendência nacional de crescimento

Essa tendência de aumento não é exclusiva de Minas Gerais, sendo observada em todo o Brasil. A média mensal de diagnósticos de coqueluche no país mais que dobrou, passando de 18 para 37 casos. No ano passado, foram 217 diagnósticos ao longo dos 12 meses, enquanto de janeiro a julho de 2024 já foram registrados 240 casos.

Impacto da baixa cobertura vacinal

Professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Carolina Lins, aponta que a baixa cobertura vacinal pode ser um fator determinante para o aumento dos casos de coqueluche. "É lamentável, porque é um país que, historicamente, sempre foi muito aberto à imunização. Nos últimos anos, a eficácia das vacinas tem sido colocada em questionamento, e isso está influenciando as pessoas", destaca Lins. Em Minas Gerais, a cobertura vacinal da pentavalente em menores de um ano foi de 80,13% até abril de 2024, e a da tríplice bacteriana (DTP) em crianças de 15 meses foi de 74,90%, abaixo da meta de 95%.

Risco para crianças e medidas preventivas

A coqueluche é transmitida pelo ar através de gotículas de saliva e representa uma grande preocupação, especialmente para pais de crianças com menos de um ano, que podem desenvolver quadros graves da doença. "Em adultos, os casos não costumam ser graves, tendo somente a tosse persistente como principal incômodo. Já em crianças, a doença pode levar a complicações", afirma Lins. Embora não haja registros de óbitos pela doença desde 2021, segundo o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais recomenda que adultos, especialmente os que trabalham na área de saúde e em creches, mantenham a vacinação em dia.

Síntomas e transmissão da coqueluche

Os sintomas da coqueluche aparecem em três fases:

Fase catarral (1 a 2 semanas):

  • Nariz escorrendo (coriza)
  • Febre baixa
  • Espirros
  • Tosse leve e ocasional, aumentando gradualmente

Fase paroxística (2 a 6 semanas):

  • Tosse intensa e rápida, durando vários minutos
  • Tosse com som característico de "guincho" ao final
  • Vômitos após os episódios de tosse
  • Fadiga extrema após os episódios de tosse

Fase de convalescença (semanas a meses):

  • Redução gradual da tosse
  • Episódios de tosse podem reaparecer com outras infecções respiratórias

A transmissão da coqueluche ocorre pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. A prevenção é fundamental e inclui o isolamento do paciente até o término do tratamento com antibióticos.

Tratamento e esquema vacinal

O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos, repouso, hidratação adequada e medicamentos para aliviar os sintomas. O esquema vacinal recomendado inclui três doses da tríplice bacteriana aos dois, quatro e seis meses de idade, com reforços aos 15 meses e aos quatro anos. Gestantes devem ser vacinadas a partir da 20ª semana de gestação para proteger o bebê. A vacina para adultos não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), exceto para gestantes e trabalhadores da saúde, podendo ser adquirida na rede privada por cerca de R$ 200, com imunização que dura de cinco a dez anos.

 

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