Governo anuncia R$ 450 milhões para inovação em saúde e critica postura dos EUA
Ministro Alexandre Padilha detalha pacote para RNA mensageiro, biofármacos e infraestrutura do SUS e rebate ações de Trump
Por Plox
26/07/2025 09h17 - Atualizado há 7 dias
Durante o evento 'Saúde Estratégica Brasil – Américas', realizado nesta sexta-feira (25) em São Paulo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou um robusto pacote de R$ 450 milhões para fomentar a inovação no setor público de saúde. Na ocasião, não poupou críticas ao presidente norte-americano Donald Trump, acusando-o de prejudicar pesquisas e de realizar cortes que afetam diretamente o avanço científico.

Padilha destacou que o setor da saúde já se encontra habituado aos ataques do líder americano, mencionando ações como o rompimento de contratos com laboratórios e confrontos com instituições como Harvard e Columbia. Segundo ele, Trump “faz perseguição” e “brigou com a elite da formação intelectual dos EUA”.
No centro do pacote está o credenciamento do primeiro Centro de Competência em RNA mensageiro do Brasil. Com aporte inicial de R$ 60 milhões, o centro será operado pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) em parceria com universidades, startups e empresas. A meta é acelerar a capacidade nacional de desenvolver vacinas e terapias baseadas nessa tecnologia estratégica.
Além desse investimento, outras medidas também foram anunciadas: R$ 30 milhões serão destinados à criação de seis novas unidades da Embrapii voltadas para biofármacos, dispositivos médicos e saúde digital. Outros R$ 60 milhões vão financiar pesquisas relacionadas a doenças negligenciadas e insumos estratégicos. Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Finep, destinará R$ 300 milhões para apoiar empresas que desenvolvem insumos farmacêuticos ativos (IFAs), terapias avançadas e equipamentos médicos.
Para ampliar o acesso ao financiamento, foi lançada uma consulta pública sobre debêntures incentivadas na saúde, válida até o dia 10 de agosto. O objetivo é atrair capital privado para obras e infraestrutura no Sistema Único de Saúde (SUS), com incentivos fiscais para os investidores.
No plano internacional, Padilha reforçou a liderança do Brasil na coalizão do G20 voltada à produção local de tecnologias em saúde. Ele informou que quase todos os países do grupo aderiram à proposta, com exceção dos Estados Unidos.
\"Tem que ter tranquilidade. Já se provou que nem todo anúncio vira ação concreta. Não estou dizendo para negligenciar, mas é preciso foco\", afirmou o ministro
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Padilha também relembrou que, às vésperas da assembleia da Organização Mundial da Saúde, Trump criticou o custo elevado dos medicamentos nos EUA, sugerindo que os preços subissem em outros países, mas sem apresentar nenhuma medida efetiva para isso.
Com esse conjunto de ações, o governo brasileiro pretende não apenas fortalecer a soberania nacional em saúde, mas também garantir avanços científicos que possam beneficiar diretamente a população, sobretudo no atendimento pelo SUS.