Acusação de abuso em hospital no Rio envolve técnico de enfermagem e paciente sedada

Ministério da Saúde afasta servidor enquanto a Polícia Civil investiga o caso de supostas fotos íntimas tiradas durante cirurgia no Hospital Federal Cardoso Fontes.

Por Plox

26/08/2024 10h12 - Atualizado há cerca de 1 mês

Um grave incidente envolvendo um técnico de enfermagem de 51 anos está sob investigação após ser acusado por um médico de fotografar uma paciente sedada durante um procedimento cirúrgico no Hospital Federal Cardoso Fontes, localizado em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso, que ocorreu em 25 de julho, tem gerado grande repercussão e indignação.

 

Denúncia e investigação

A denúncia foi feita pelo urologista presente na sala de cirurgia, que afirmou ter visto o técnico utilizando um celular para fotografar as partes íntimas da paciente, uma agente de saúde que estava sob anestesia para uma pieloplastia, procedimento realizado no canal que liga os rins à bexiga. Segundo o médico, o técnico foi flagrado com o celular em mãos, posicionado para capturar imagens da paciente, que se encontrava em uma posição vulnerável durante a operação.

O técnico de enfermagem nega as acusações, alegando que no momento em questão estava apenas tentando "procurar sinal" para o telefone e que já estava em uma ligação. Ele afirmou que utilizou o celular para enviar uma selfie à esposa, negando de forma enfática ter fotografado a paciente.

 

Relato da vítima e impacto emocional

A paciente, que foi informada do ocorrido apenas oito dias após receber alta do hospital, expressou profundo choque e abalo emocional ao tomar conhecimento da acusação. "Meu chão se abriu totalmente. Eu não entendo o porquê de aquilo estar acontecendo", declarou. Mãe de quatro filhos e avó de uma neta, a mulher relatou que sua vida mudou drasticamente após o episódio, precisando recorrer a medicamentos para dormir devido à ansiedade e ao estresse causados pela situação.

Ela também questionou a demora na comunicação do fato por parte da direção do hospital e a continuidade do trabalho do técnico, que não foi imediatamente suspenso de suas funções.

 

Procedimentos legais e resposta das autoridades

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, que enquadrou o incidente como registro não autorizado de intimidade sexual, crime que prevê pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa. Tanto a paciente quanto o técnico de enfermagem e o médico que fez a denúncia foram ouvidos pelas autoridades no dia 2 de agosto.

A delegada responsável, Viviane da Costa Ferreira Pinto, solicitou à Justiça um mandado de busca e apreensão do celular do técnico, bem como a quebra de sigilo dos dados contidos no aparelho. Além disso, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) foi notificado para iniciar uma investigação ética sobre o caso.

Em resposta ao ocorrido, o Ministério da Saúde anunciou a abertura de uma sindicância para apurar o caso e tomar as medidas necessárias, incluindo o afastamento do servidor acusado. Em nota, o ministério destacou que o técnico será desligado de suas funções e que a vítima está recebendo o suporte necessário.

 

Histórico do acusado e reação das autoridades

O técnico de enfermagem acusado possui um histórico de outras quatro anotações criminais, incluindo abuso sexual contra uma adolescente de 16 anos, ameaça e maus-tratos contra a mãe, estelionato e associação criminosa, e apropriação indébita. Algumas dessas acusações ainda estão em aberto.

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ) afirmou estar ciente do caso e que uma investigação interna já foi iniciada. Dependendo dos resultados, o técnico poderá enfrentar desde uma advertência até a cassação do direito ao exercício profissional por até 30 anos.

 

Defesa do acusado

Em sua defesa, o técnico de enfermagem classificou a acusação como "ridícula, sem fundamento, esdrúxula" e argumentou que estava apenas tentando se comunicar com sua esposa, enviando uma selfie. Ele também criticou a postura do médico que fez a denúncia, insinuando que o mesmo teria algum tipo de frustração ou inveja.

A situação continua a ser acompanhada pelas autoridades competentes, enquanto a sociedade aguarda o desfecho deste caso que abalou a confiança na segurança e na ética dentro das instituições de saúde.

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