Lisa Cook, diretora do Fed afirma que não sairá do cargo mesmo após demissão de Trump

Horas depois de o presidente Donald Trump declarar a demissão imediata de Lisa Cook do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), a diretora reagiu afirmando que seguirá exercendo suas funções normalmente e que não há base legal para sua retirada do cargo.K

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A decisão de Trump foi divulgada na segunda-feira (25), com base em acusações de que Cook teria falsificado documentos para obter condições vantajosas em uma hipoteca. Apesar da gravidade da alegação, ela não enfrenta nenhuma acusação formal ou condenação relacionada ao caso.

Reação de Cook e defesa jurídica

Em nota oficial emitida por seu advogado, Abbe David Lowell, na noite da segunda-feira (25), Cook declarou:

“Não vou renunciar. Vou continuar a cumprir minhas funções para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022.”

Lowell também afirmou que a equipe jurídica está preparada para contestar a medida de Trump:

“Tomaremos todas as medidas necessárias para impedir sua tentativa de ação ilegal.”

Cook foi inicialmente nomeada para completar o mandato de um membro anterior do Conselho. Em 2023, foi reconduzida para um mandato completo, com término previsto para janeiro de 2038. Os membros do Conselho de Governadores têm mandato de 14 anos, são indicados pelo presidente dos Estados Unidos e precisam ser confirmados pelo Senado.

Justificativa de Trump e possíveis consequências legais

Trump utilizou uma cláusula do estatuto do Fed que prevê a demissão de membros do Conselho por “justa causa”. Ele alegou que as denúncias relacionadas à suposta fraude hipotecária tornavam Cook inapta para atuar como reguladora financeira. Especialistas jurídicos, no entanto, veem essa ação como legalmente questionável e potencialmente prejudicial à independência da autoridade monetária dos EUA.

A recente movimentação do presidente é mais um capítulo em sua tentativa de reformular a composição do Federal Reserve. Após diversos ataques ao presidente do banco, Jerome Powell, Trump voltou sua atenção para Lisa Cook, que se tornou alvo após Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento Imobiliário, acusá-la de falsificação de registros e informou que o caso foi encaminhado ao Departamento de Justiça.

Contexto político e histórico

Lisa Cook fez história ao se tornar, em 2022, a primeira mulher negra a ocupar um assento no Conselho do Federal Reserve. Sua possível remoção, além de abrir espaço para disputas judiciais, levanta questionamentos sobre a interferência política na estrutura do Banco Central dos Estados Unidos.

A controvérsia surge em um momento delicado para a economia americana, com o Fed avaliando novos cortes nas taxas de juros diante dos riscos de inflação, o que coloca ainda mais atenção sobre a estabilidade da instituição.