Ministro de Israel chama Lula de antissemita e o liga ao presidente do Irã
Israel Katz acusa presidente brasileiro de apoiar o Hamas e critica saída do Brasil de entidade internacional
Por Plox
26/08/2025 09h45 - Atualizado há cerca de 14 horas
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, intensificou as críticas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (26), acusando-o de antissemitismo e o classificando como "apoiador do Hamas". A declaração foi feita por meio de uma publicação em português na rede social X (antigo Twitter), acompanhada de uma imagem gerada por inteligência artificial, na qual Lula aparece como marionete do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã.

A publicação ocorre em meio ao agravamento das relações entre os dois países, que permanecem tensas desde o início do conflito entre Israel e o grupo Hamas, na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
Críticas após saída do Brasil da IHRA
No conteúdo publicado por Katz, o ministro afirma que Lula teria "revelado sua verdadeira face" ao retirar o Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto), organização criada para combater o antissemitismo. Ele acusa o presidente brasileiro de alinhar o país a nações que negam o Holocausto e ameaçam Israel, como o Irã.

“Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados", escreveu Katz.
Diplomacia em crise desde 2023
A relação diplomática entre Brasil e Israel já vinha se deteriorando desde a guerra iniciada em outubro de 2023, quando o Hamas realizou um ataque que matou mais de 1.200 israelenses e fez cerca de 250 reféns. Embora o governo brasileiro tenha condenado o atentado, Lula passou a criticar duramente a ofensiva israelense em Gaza, chegando a compará-la ao Holocausto — o que levou Israel a declará-lo persona non grata.
Após essa comparação, o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi convocado ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, para uma reprimenda pública. O Itamaraty considerou o gesto uma afronta e decidiu chamar Meyer de volta a Brasília, sem nomear um substituto.
Rebaixamento nas relações diplomáticas
Na segunda-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que rebaixaria suas relações diplomáticas com o Brasil. O motivo seria a falta de resposta do governo brasileiro à indicação do diplomata Gali Dagan para assumir a embaixada israelense em Brasília, feita em janeiro.
Em nota oficial, a chancelaria israelense afirmou que, diante da ausência de resposta ao pedido de agrément (autorização formal para um embaixador assumir o cargo), o governo de Israel optou por retirar a indicação. O documento ainda menciona que a “linha crítica e hostil” do Brasil em relação a Israel se intensificou com declarações de Lula.
Reação do governo brasileiro
À TV Globo, Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do Planalto, comentou a decisão de não conceder o agrément a Dagan. “Não houve veto. Pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram”, afirmou.
Amorim também relembrou o episódio com o embaixador Meyer: “Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”.
Sobre o conflito em Gaza, o assessor reforçou a posição crítica do governo brasileiro: “Nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo”.
Desde maio de 2024, o Brasil mantém o cargo de embaixador em Tel Aviv vago, sem indicar novo nome para o posto. Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou oficialmente sobre as declarações de Israel Katz.