Aliados temem que Eduardo Bolsonaro comprometa acordos em favor do pai

As recentes movimentações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos e suas declarações públicas vêm gerando incômodo entre aliados próximos da família Bolsonaro. A tensão é tanta que, segundo relatos, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro teria pedido a interlocutores que encontrassem uma forma de fazer o filho silenciar. O receio é de que o deputado interfira negativamente nas articulações por uma possível anistia ou redução de pena já em debate no Congresso.

Foto: Agência Brasil

A orientação atribuída a Jair foi confirmada por colunistas como Mônica Bergamo e Andréia Sadi. O ex-presidente, no entanto, está legalmente impedido de manter contato com Eduardo, uma vez que ambos são investigados em inquérito da Polícia Federal por tentativa de coação à Justiça. A investigação teve início após o parlamentar defender sanções contra o Brasil e contra ministros que julgam processos envolvendo seu pai.

Enquanto isso, Eduardo tem se mostrado insatisfeito com tentativas de pacificação. De acordo com Bergamo, ele estaria irritado e acredita que o pai não consegue enxergar com clareza o atual cenário político. Nos últimos dias, o deputado criticou abertamente seu próprio partido, condenou a articulação pela candidatura de Tarcísio de Freitas, comemorou sanções dos Estados Unidos contra a esposa de Alexandre de Moraes e ainda anunciou intenção de disputar a Presidência da República em 2026.

Em resposta, Jair Bolsonaro pediu ao deputado Sóstenes Cavalcante (PL-SP), que recentemente esteve com ele no Brasil, que também se reunisse com Eduardo em território norte-americano na tentativa de acalmar a situação.

“PGR me denuncia coação, mas quem está verdadeiramente sob coação é meu pai”

Já a colunista Andréia Sadi destacou que a postura do parlamentar gera temor entre aliados de que ele prejudique articulações no Congresso, como a discussão sobre a dosimetria das penas. Segundo ela, há irritação no grupo bolsonarista, que avalia que Eduardo enfraquece a direita e compromete tanto as eleições de 2026 quanto os acordos em andamento para beneficiar Jair.

Ainda em tom desafiador, o deputado declarou que está disposto a ir até “às últimas consequências pela anistia ampla e irrestrita”, acrescentando que, em sua visão, o desfecho será de “vitória ou vingança”.