Pedágio na BR-381 começa a ser cobrado neste sábado (27)
Nova modalidade de cobrança, que dispensa paradas, entra em operação em dois pontos e gera reações divergentes entre usuários e autoridades
Por Plox
26/09/2025 07h41 - Atualizado há 2 dias
Na virada entre sexta (26) e sábado (27) de setembro, a BR-381 inaugurou oficialmente seu sistema de pedágio eletrônico, conhecido como free flow. Os primeiros pórticos a entrarem em operação estão localizados em João Monlevade (Km 345) e Caeté (Km 411), com previsão de que outros três — em Belo Oriente, Jaguaraçu e Governador Valadares — comecem a funcionar até o mês de novembro.

Essa nova forma de cobrança permite que os veículos trafeguem sem necessidade de parar em cabines. A leitura da placa ou o uso da TAG eletrônica realiza automaticamente o débito do valor correspondente à tarifa. Para automóveis de passeio, o custo máximo pode chegar a R$ 28,40 somando as duas praças iniciais. Já os motociclistas estão isentos da cobrança.
Apesar das melhorias observadas no asfalto e da agilidade promovida pelo novo sistema, as reações são divididas. Muitos motoristas se manifestaram positivamente quanto à qualidade da pista, mas questionaram o valor das tarifas e a ausência de duplicação em trechos considerados críticos.
O técnico de segurança Sebastião Caetano, de 58 anos, viajava de João Monlevade a Sete Lagoas quando comentou:
"A estrada melhorou muito, o asfalto ficou bem melhor. Só achei o preço salgado, poderia ser entre R$ 8 ou R$ 10"
.Poliana Ribeiro, de 40 anos, que saiu de Ipatinga rumo a Belo Horizonte, destacou a fluidez no trajeto:
"A estrada melhorou bastante, até achei o preço justo. Só que poderiam duplicar, igual fizeram em Caeté"
Já para o motorista de turismo Everson Marini, de 31 anos, a cobrança é precipitada:
"Apesar da rodovia ter melhorado, com um asfalto melhor e boa sinalização, ainda a via é de mão dupla. Então continua sendo muito perigosa"
A concessionária Nova 381 é responsável pelo sistema, que também inclui 25 totens de pagamento ao longo da BR-381 entre Caeté e Governador Valadares. Esses equipamentos estão instalados em postos de combustíveis, restaurantes e nas sete unidades do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAUs). Neles, os motoristas podem inserir a placa do veículo, consultar os valores pendentes e efetuar pagamentos via PIX, cartão de crédito ou débito. Os dados de cobrança ficam disponíveis no sistema em até duas horas após a passagem pelos pórticos.
Além disso, há QR Codes nos totens que direcionam os usuários ao aplicativo da concessionária, por onde também é possível quitar os valores de forma remota.
Os veículos com TAG continuam com a cobrança automática. Duas modalidades de desconto são oferecidas:
- DBT (Desconto Básico da Tarifa): 5% de desconto para automóveis e caminhões.
- DUF (Desconto de Usuário Frequente): progressivamente aplicado a partir da segunda passagem no mesmo sentido, com tarifa fixa a partir da 30ª passagem no mês.
Os valores variam conforme o tipo e número de eixos do veículo. Para automóveis simples:
- Caeté: R$ 15,50
- João Monlevade: R$ 12,90
Total: R$ 28,40
Para caminhões de até oito eixos, os valores podem ultrapassar R$ 220, somando as duas praças.
Especialistas apontam vantagens no novo modelo. Segundo Marcelo Franco Porto, professor de Engenharia de Transportes da UFMG, a principal melhoria está na redução de tempo de viagem.
"A ausência de cancela favorece motoristas e concessionárias, reduzindo custos com infraestrutura e otimizando o tráfego", afirma.
Ele acredita que a integração com sistemas inteligentes pode futuramente incluir o uso de inteligência artificial para controle e análise de tráfego. Apesar de admitir desafios tecnológicos — como áreas com baixa conectividade —, Porto avalia que tecnologias já usadas na Europa e nos EUA são adaptáveis ao contexto brasileiro.
Contudo, a implementação do pedágio tem gerado protestos. No dia 27 de agosto, um grupo de cerca de 60 pessoas bloqueou parcialmente a BR-381, em Caeté, por 34 minutos. A manifestação foi contra a localização do pórtico, que, segundo moradores de Nova União, dificulta o deslocamento diário para Belo Horizonte, gerando gastos recorrentes na ida e volta. A Polícia Rodoviária Federal acompanhou o protesto.
A cobrança também foi questionada formalmente. No dia 12 de setembro, um grupo formado por deputados, prefeitos, vereadores e lideranças de Minas Gerais protocolou no Tribunal de Contas da União (TCU) um pedido de suspensão da tarifa. A alegação principal é de que as obras de duplicação, manutenção e sinalização ainda não foram concluídas.
Entre os signatários estão o deputado estadual Christiano Xavier e os prefeitos de Caeté, Nova União e Bom Jesus do Amparo, além de representantes do legislativo municipal e advogados. Eles argumentam que usuários da BR-381 podem gastar até R$ 600 por mês com os pedágios, em uma estrada considerada uma das mais perigosas do estado.
Um exemplo citado no documento foi o acidente que resultou na morte de um funcionário terceirizado da concessionária, ocorrido em agosto no trevo de Caeté, reforçando os riscos do trecho.
A denúncia continua em tramitação no TCU, enquanto a cobrança do pedágio permanece ativa nos pórticos já instalados, e novas ativações seguem previstas para os próximos meses.