Saúde

Uso indiscriminado de canetas emagrecedoras acende alerta para anorexia e outros transtornos

Pressão estética levam ao uso de canetas emagrecedoras fora das indicações médicas, reforçando comportamentos alimentares disfuncionais e aumentando o risco de anorexia e bulimia.

26/11/2025 às 18:43 por Redação Plox

A busca por um corpo cada vez mais magro tem levado ao uso indiscriminado de canetas emagrecedoras por pessoas que não se enquadram nas indicações clínicas, criando um cenário que especialistas classificam como alarmante. A combinação entre pressão estética, perda de peso acelerada e medo de engordar tem ampliado comportamentos alimentares disfuncionais e intensificado riscos de transtornos como anorexia e bulimia. Quem faz o alerta é o nutricionista Thales Drummond em entrevista ao PLOX. Confira na Live.



A anorexia é um transtorno alimentar de base psicológica que interfere diretamente na relação da pessoa com a comida. Quem desenvolve o quadro sente necessidade de controlar exageradamente a própria alimentação e tende a manter um peso bem abaixo do considerado saudável por parâmetros de saúde como os da OMS, preservando uma imagem corporal excessivamente magra.

Esse transtorno impacta tanto a vida cotidiana quanto o funcionamento físico e metabólico do organismo. No dia a dia, afeta as relações sociais, a participação em eventos que envolvem comida e a forma como a pessoa lida com refeições em grupo. No corpo, pode gerar uma série de consequências clínicas importantes.

Impactos sociais e físicos da anorexia

No contexto social, a pessoa com anorexia muitas vezes evita confraternizações ou situações que envolvem alimentação. Quando participa, pode comer de forma muito diferente dos demais, em quantidades mínimas ou de maneira muito restrita, o que costuma causar constrangimento e isolamento.

Do ponto de vista bioquímico e físico, a baixa ingestão alimentar pode levar a déficits de vitaminas, alterações em exames laboratoriais e problemas de saúde relacionados à qualidade óssea, entre outros. A restrição calórica severa também tende a reduzir a disposição, prejudicar o raciocínio e comprometer tarefas básicas do dia a dia.

Anorexia, pressão estética e canetas emagrecedoras

O desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia e bulimia está associado a diversos fatores, entre eles os aspectos sociais e os padrões de corpo ideal — tanto feminino quanto masculino. A maneira como o corpo é observado e cobrado socialmente tem peso importante nesse processo.

Nesse cenário, o uso de canetas emagrecedoras surge como um elemento de preocupação. Em consultórios e clínicas, são relatados casos de pessoas que utilizam esses medicamentos sem se enquadrar no público-alvo indicado. O uso indiscriminado, fora de indicação médica, pode favorecer o surgimento ou a piora de transtornos alimentares, especialmente quando há busca por um corpo cada vez mais magro.

Atualmente, o público-alvo dessas medicações é formado por pacientes com diabetes, sobrepeso ou obesidade. Mesmo assim, há relatos de uso por pessoas sem essas condições, motivadas principalmente por pressões estéticas e medo de ganhar peso.

Dependência psicológica e risco de transtornos alimentares

Pesquisas já buscam relacionar o uso de canetas emagrecedoras à formação de uma dependência psicológica — não necessariamente farmacológica — ligada ao medo de interromper o medicamento e recuperar o peso perdido. Esse medo pode manter o uso contínuo e reforçar comportamentos alimentares disfuncionais.

Nesses casos, a pessoa pode se ver presa à medicação para sustentar um peso abaixo do saudável, desenvolvendo ansiedade intensa em torno do corpo e da balança. Esse quadro pode se encaixar em um espectro de possível bulimia ou mesmo anorexia, especialmente após tentativas de interromper o uso da caneta sem acompanhamento adequado.

Quando o uso ocorre sem recomendação profissional, o risco é ainda maior: a combinação de restrição alimentar, perda de peso rápida e idealização extrema da magreza tende a agravar vulnerabilidades psicológicas já existentes.

Uso correto das canetas emagrecedoras

O uso apropriado dessas medicações passa pela avaliação criteriosa de cada paciente. Entre os parâmetros mais utilizados está o Índice de Massa Corporal (IMC), que ajuda a identificar sobrepeso e obesidade, além da análise de exames bioquímicos.

As canetas foram inicialmente desenvolvidas para pacientes com diabetes, e há pesquisas que ampliam seu uso para o emagrecimento em situações específicas. No entanto, são frequentemente usadas de forma inadequada por pessoas que buscam emagrecer sem indicação clínica.

De acordo com as orientações presentes na própria bula, o consumo deve ser restrito a pessoas em sobrepeso ou obesidade, ou com alguma doença associada a alterações metabólicas, como dislipidemia (problemas de colesterol e excesso de gordura no sangue), entre outras condições identificadas em exames.

O uso responsável exige acompanhamento profissional, atenção aos parâmetros de saúde e clareza de que não se trata de uma solução estética rápida, mas de um recurso terapêutico específico, que pode ter impacto significativo tanto no corpo quanto na saúde mental — incluindo o risco de favorecer transtornos alimentares como a anorexia quando utilizado sem critério.

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