Não perca nenhuma notícia que movimenta o Brasil e sua cidade.
É notícia? tá no Plox
Extra
Assassino confesso por morte de gari apresenta diplomas à Justiça após universidades negarem vínculo
Preso por homicídio triplamente qualificado em briga de trânsito em BH, empresário Renê Nogueira Júnior junta certificados de instituições como USP, Estácio, Fundação Dom Cabral e Harvard Business Review Brasil ao processo; arma usada no crime é registrada em nome de delegada, alvo de apuração da Corregedoria
26/11/2025 às 09:15por Redação Plox
26/11/2025 às 09:15
— por Redação Plox
Compartilhe a notícia:
Preso desde 11 de agosto, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, réu confesso pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, apresentou à Justiça uma série de diplomas e certificados que, segundo sua defesa, comprovariam sua formação acadêmica. A movimentação ocorre após universidades brasileiras e estrangeiras negarem qualquer vínculo acadêmico com o acusado.
Renê Júnior está detido desde 11 de agosto
Foto: Reprodução / TV Globo.
Renê responde por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum — pelo disparo que matou o gari durante uma briga de trânsito no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, em 11 de agosto.
Defesa reúne diplomas após negativas de universidades
Para a audiência de instrução e julgamento, prevista para começar nesta terça-feira (25/11), a defesa anexou ao processo documentos que, segundo os advogados, têm o objetivo de contestar as informações sobre ausência de vínculo acadêmico divulgadas por diferentes instituições de ensino.
Entre os papéis apresentados, estão diplomas e certificados referentes a:
• curso superior de tecnologia em marketing na Universidade Estácio de Sá;
• especialização MBA em Varejo e Mercado de Consumo na Universidade de São Paulo (USP);
• Programa de Desenvolvimento de Conselheiros na Fundação Dom Cabral;
• Curso de Desenvolvimento Pessoal para Líderes na Harvard Business Review Brasil;
• programa de treinamento da Ambev.
Os documentos ainda serão analisados no âmbito do processo.
Instituições negaram vínculo acadêmico com o réu
Em agosto, dias após o crime, universidades passaram a checar as credenciais que o empresário divulgava em seu perfil no LinkedIn, onde afirmava ter formações na PUC-Rio, USP, Harvard Business School, entre outras.
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro informou não ter localizado “qualquer registro” do nome de Renê, seja em cursos de graduação ou em MBA. Já a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da USP, declarou que ele não cursou mestrado na unidade de Piracicaba, no interior paulista, embora possa ter feito algum curso de extensão, que não gera diploma. No LinkedIn, o empresário dizia possuir mestrado em agronomia pela instituição.
A Harvard Business School, em Cambridge, Massachusetts (EUA), comunicou não ter registro de formação de pessoa com o nome do réu. A Estácio de Sá, por sua vez, afirmou que não divulga informações pessoais sobre alunos ou ex-alunos e manteve o mesmo posicionamento nesta segunda-feira (24).
A reportagem voltou a procurar as demais instituições mencionadas e aguarda retorno.
Discussão de trânsito terminou em morte
Na manhã de 11 de agosto, por volta das 9h, um caminhão de coleta de lixo estava parado em uma via do bairro Vista Alegre quando um carro BYD cinza, dirigido por Renê, se aproximou no sentido contrário. Durante a confusão no trânsito, o motorista do carro teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, dizendo que iria atirar contra ela. Em seguida, teria efetuado o disparo que atingiu o gari Laudemir, que trabalhava na coleta naquele momento.
O tiro acertou a região torácica, próximo às costelas. Laudemir foi socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu. Após o disparo, o suspeito fugiu no BYD cinza e foi localizado na tarde do mesmo dia, enquanto se exercitava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Ele foi preso sem resistência.
Testemunhas relataram que, instantes antes de ser baleado, o gari teria dito que havia sido atingido e que o suspeito deixou o local “tranquilo” e com expressão de irritação após o disparo.
Vídeos mostram rotina do empresário após o crime
Imagens de câmeras de segurança registraram o deslocamento de Renê momentos depois da morte de Laudemir. De acordo com a investigação, o empresário manteve sua rotina habitual logo após o homicídio.
As gravações mostram Renê na sede da empresa em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde chegou por volta das 10h30 e cumprimentou colegas. Cerca de duas horas depois, ele foi para casa, estacionou o carro na garagem do prédio e guardou a arma em uma mochila.
Em seguida, já com a mesma camisa branca e shorts azuis com que seria preso mais tarde na academia, ele saiu para passear com os cachorros, enquanto falava ao celular. As imagens foram divulgadas nas redes sociais de veículos de imprensa.
Quem era o gari morto em serviço
Laudemir de Souza Fernandes, 44 anos, trabalhava como gari na empresa Localix Serviços Ambientais. Colegas e familiares o descrevem como trabalhador, pacífico e dedicado à família. Ele deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas, e era considerado muito querido tanto no ambiente de trabalho quanto em casa.
Segundo um dos sócios da Localix, Laudemir tentou acalmar os ânimos durante a discussão no trânsito e acabou sendo atingido enquanto exercia suas funções.
Réu confessou o disparo em interrogatório
Uma semana após o crime, na segunda-feira (18/8), Renê prestou depoimento no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com a Polícia Civil, ele confessou ter efetuado o disparo que matou o gari durante a discussão de trânsito.
Arma registrada em nome de delegada é alvo de apuração
A pistola calibre .380 usada no homicídio está registrada em nome da delegada Ana Paula Lamego Balbino, apontada como esposa do empresário. A arma foi entregue à Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais para perícia e verificação das condições de guarda e cautela. A corporação confirmou que se trata de armamento de uso particular, sem vínculo com armas fornecidas pela instituição.
A delegada é investigada pela Corregedoria-Geral, que apura elementos sobre eventual conduta relacionada ao caso em razão do vínculo pessoal com o suspeito preso.
O Ministério Público de Minas Gerais pediu a responsabilização solidária de Ana Paula no processo que apura a morte de Laudemir, sob o argumento de que, sendo proprietária da arma utilizada no crime, ela também deve responder na esfera judicial.
Em depoimento, Ana Paula afirmou não ter conhecimento de qualquer participação do marido em infração penal. A reportagem tentou contato com a delegada por telefone e presencialmente na delegacia onde atua, mas ela ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.
Allison Juliana, 23, estudante de medicina veterinária, foi morta e parcialmente desmembrada em casa no cantão Cevallos; quatro jovens, dois deles amigos da vítima, foram presos em flagrante por feminicídio
Allison Juliana, 23, estudante de medicina veterinária, foi morta e parcialmente desmembrada em casa no cantão Cevallos; quatro jovens, dois deles amigos da vítima, foram presos em flagrante por feminicídio