Política

Tarcísio defende prisão domiciliar para Bolsonaro e promete lutar por anistia no Congresso

Governador de SP alega motivo humanitário para tirar ex-presidente da PF em Brasília, diz que seguirá articulando anistia com aliados no Congresso e admite atritos com ministros do STF após críticas a Alexandre de Moraes

26/11/2025 às 07:12 por Redação Plox

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu nesta terça-feira (25/11) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpra prisão domiciliar. Condenado a 27 anos e três meses por liderar uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde o último sábado (22/11).

Tarcísio de Freitas intensificou as negociações pela anistia na Câmara dos Deputados

Tarcísio de Freitas intensificou as negociações pela anistia na Câmara dos Deputados

Foto: Reprodução: Youtube


Em coletiva, Tarcísio tratou a situação como um caso humanitário, ao lembrar da idade e do estado de saúde do ex-presidente.

A questão de [Jair] Bolsonaro em casa é uma questão humanitária, é uma questão a uma pessoa que tem 70 anos, que está muito doente, acho que se toma o risco quando se coloca uma pessoa como ele na prisão, porque de repente não vai ter a medicação e alimentação como deveria ter. Acho que a gente ter que ter respeito aos ex-presidentes

Tarcísio de Freitas

Tentativa de romper tornozeleira e alegação de “alucinação”

Tarcísio afirmou que Bolsonaro estava “fora de si” quando tentou romper a tornozeleira eletrônica que usava em regime de prisão domiciliar. O episódio ocorreu na madrugada de sábado (22/11), pouco antes de o ex-presidente ser preso preventivamente.

De acordo com o relato apresentado após a prisão, Bolsonaro alegou ter tido uma “alucinação” ao tentar abrir a tampa do equipamento, porque acreditava na existência de “alguma escuta” instalada no aparelho. Ele disse ainda não se lembrar de outro “surto” semelhante em sua trajetória.

Tarcísio defende prisão domiciliar a Bolsonaro e diz que vai lutar por anistia

Após participar de um evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Tarcísio reforçou que continuará atuando politicamente pela anistia a Jair Bolsonaro, mesmo diante do risco de desgaste com outros Poderes e com adversários.

O governador declarou que fará o “que puder” para aprovar o texto de anistia no Congresso. Ele se colocou à disposição para auxiliar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que deve liderar as negociações após a prisão do pai. Em outras ocasiões, Tarcísio já havia manifestado que concederia indulto ao ex-presidente caso chegasse à Presidência da República.

Na coletiva, ele reiterou que pretende manter contato frequente com Bolsonaro e ressaltou a relação pessoal entre os dois, dizendo que considera o ex-presidente um grande amigo, a quem pretende visitar para prestar solidariedade e apoio.

Articulação no Congresso e preocupação entre aliados

Tarcísio relatou que não recebeu recados diretos de Bolsonaro desde a prisão, mas reconheceu que o tema da anistia mobiliza aliados do ex-presidente. Segundo ele, há um grupo de apoiadores “aqui fora” preocupado em reverter a condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em julho, veio a público a informação de que o governador paulista acionou ministros do STF para tentar liberar Bolsonaro para viajar aos Estados Unidos, sob o argumento de que ele trataria de temas comerciais com o então presidente Donald Trump. A possibilidade foi rejeitada diante do risco de fuga, o que ampliou o atrito entre Tarcísio e integrantes da Corte.

Rompimento com STF e críticas a Alexandre de Moraes

Após a negativa do STF e o avanço das investigações que culminaram na condenação de Bolsonaro, Tarcísio intensificou as articulações de bastidor na Câmara dos Deputados em favor da anistia. O movimento provocou reação de opositores e gerou desgaste com ministros do Supremo, com quem o governador mantivera, até então, relação considerada estável.

O clima piorou em 7 de setembro, em ato na avenida Paulista, quando Tarcísio elevou o tom contra a Corte e chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador” em cima de um trio elétrico. Na ocasião, ele emendou críticas à atuação do magistrado e à condução dos processos relacionados ao ex-presidente.

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