Bolsonaro vira réu no STF e crise jurídica agita cenário para 2026

Primeira Turma do Supremo aceita denúncia contra Bolsonaro por suposta tentativa de golpe e direita se divide sobre sucessão para eleição presidencial

Por Plox

27/03/2025 08h38 - Atualizado há cerca de 1 mês

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (26/3), tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu em processo relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com essa decisão, cresce a pressão sobre seus aliados e o impacto no jogo político para as eleições de 2026 se intensifica.


Imagem Foto: STF


Além de Bolsonaro, outros sete aliados também se tornaram réus. Eles foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio público tombado. A denúncia foi aceita pelo STF, que dará início à fase de oitivas de testemunhas e defesas, antes de uma decisão final. Caso haja condenação, ainda caberá recurso e, portanto, Bolsonaro não poderá ser preso de imediato.



Mesmo inelegível por decisão anterior do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro mantém publicamente o discurso de que será candidato em 2026. Nos bastidores, no entanto, seu principal plano seria a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-SP). Apesar disso, a direita segue fragmentada, sem um nome unânime para liderar a disputa contra uma eventual candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


Os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO) surgem como alternativas, mas enfrentam dificuldades para se consolidar nacionalmente. Já Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), apesar de ser um dos mais cotados, tem declarado que disputará a reeleição em São Paulo. A base bolsonarista ainda alimenta a esperança de reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, com aliados considerando o julgamento como um processo de \"cartas marcadas\".



O senador Marcos Rogério (PL-RO) classificou a decisão do STF como frágil e injusta, reforçando a aposta de que Bolsonaro ainda pode ser o principal nome da direita em 2026. Para ele, uma eventual condenação pode até ampliar o poder de transferência de votos do ex-presidente. Já Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil, acredita que a História absolverá Bolsonaro, ressaltando sua importância para a democracia.


Do lado oposto, parlamentares da base governista veem a situação de Bolsonaro cada vez mais restrita ao campo jurídico. O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) avalia que, mesmo que o ex-presidente mantenha a narrativa de candidatura, ela dificilmente se concretizará. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), por sua vez, afirmou que a decisão do STF foi acertada, defendendo que os responsáveis pela tentativa de golpe devem responder na Justiça.


Na análise de especialistas, como Marco Antônio Teixeira, da FGV, a direita ainda busca um nome capaz de unir forças para disputar o Planalto em 2026. Para ele, Bolsonaro já não é mais capaz de centralizar esse campo político, enquanto nomes como Caiado e Tarcísio enfrentam desafios para se consolidar.


O cenário para as eleições de 2026 segue indefinido, com a direita dividida e sob pressão jurídica, enquanto o atual presidente Lula mantém aberta a possibilidade de reeleição, dependendo de sua condição de saúde.


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