Cabeleireira diz que pichou estátua do STF no 'calor do momento'
Débora Rodrigues, presa há dois anos, afirmou que agiu sem plena consciência e negou ter invadido qualquer prédio durante os atos de 8 de janeiro
Por Plox
27/03/2025 10h07 - Atualizado há 29 dias
A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, moradora da cidade de Paulínia, interior de São Paulo, afirmou durante depoimento à Justiça que o gesto de pichar uma estátua em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante os protestos de 8 de janeiro, foi feito por impulso, no \"calor do momento\".

A declaração foi dada durante uma audiência de instrução realizada em novembro do ano passado. O conteúdo da gravação estava sob sigilo, mas foi tornado público nesta quarta-feira (26) por decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Débora, que está presa há dois anos, escreveu a frase “perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, localizada em frente à Suprema Corte. Em sua fala, ela contou que já havia uma pessoa iniciando a pichação no local, e que acabou sendo chamada para continuar a escrita.
– Quando me deparei lá em Brasília com o movimento, eu não fazia ideia do bem financeiro e simbólico da estátua. Quando eu estava lá já tinha uma pessoa fazendo a pichação. Faltou talvez um pouco de malícia da minha parte, porque ele começou a escrita e falou assim: ‘Eu tenho a letra muito feia, moça, você pode me ajudar a escrever?’. E aí eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro Barroso – relatou.
Débora também afirmou que se arrepende do ato, destacando a incoerência entre o que ensinou ao filho e o que acabou fazendo naquele momento.
– Lembro que uma semana antes meu filho fez uma pergunta coincidentemente sobre escrita em muro e eu falei ‘isso é ilegal, isso não se faz, porque é uma poluição visual’, e eu fiz todo um texto para ele sobre isso, e eu não sei o que aconteceu comigo naquele dado momento, pelo calor da situação, de cometer esse ato. Eu me arrependo muito, muitíssimo, e eu jamais faria isso em sã consciência – declarou.
Ainda no depoimento, ela negou ter invadido qualquer prédio durante os atos, reforçando que sua participação se restringiu à pichação do monumento.
O julgamento de Débora está temporariamente suspenso, após o ministro Luiz Fux pedir vista no início desta semana. Até o momento, os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já votaram pela condenação dela a 14 anos de prisão.