Circo de Ipatinga celebra Dia do Circo e faz apelo por valorização da arte
Com quase 20 anos de história, companhia de Ipatinga homenageia tradição circense e cobra mais apoio ao setor
Por Plox
27/03/2025 15h18 - Atualizado há 4 dias
O Circo Teatro Fool, tradicional companhia circense de Ipatinga, aproveitou as comemorações do Dia do Circo, celebrado em 27 de março, para fazer um apelo à valorização desta arte ancestral. Fundado em 2005 pelo ator e artista circense Luís Yuner Campos, o grupo acumula quase duas décadas de atuação na cena cultural brasileira, levando arte e encanto a praças, escolas, teatros e comunidades rurais por todo o país.

O circo, descrito pelos artistas como “pai dos palcos”, é uma expressão artística que une diversas linguagens, desde o teatro e a música até o esporte e a cenografia. No Brasil, ele é sustentado por famílias que dedicam a vida ao ofício itinerante. Uma dessas famílias é a Campos, que chegou a Ipatinga nos anos 1980 e plantou ali as raízes do que viria a se tornar o Circo Teatro Fool, através da nova geração representada por Luís Yuner.
A companhia combina técnicas circenses com teatro, folclore e musicalidade brasileira. Com 19 espetáculos em seu repertório, o grupo já circulou por todos os estados do país e se destaca pela diversidade de atuações, que vão de performances a oficinas e workshops. Além disso, realiza o tradicional “Encontro de Palhaços de Ipatinga”, evento aberto ao público que, desde 2007, homenageia a figura do palhaço com shows de variedades e atrações culturais no Parque Ipanema.

O evento, sem fins lucrativos e sem patrocínio, já se tornou um dos mais aguardados do calendário cultural do Vale do Aço, reunindo centenas de pessoas a cada edição. Em 2024, o encontro chegará à sua 19ª edição.
Apesar da história de sucesso, o fundador da companhia alerta para os desafios enfrentados por artistas circenses no Brasil. Segundo Yuner, o custo elevado de produção, a burocracia para conseguir alvarás e a dificuldade de inserção das crianças nômades em escolas públicas são apenas alguns dos obstáculos. Ele também denuncia a resistência de algumas administrações municipais em apoiar circos itinerantes, sob a alegação de que essas atrações prejudicam o comércio local.

Para o artista, o circo é uma das formas mais democráticas de arte e merece ser protegido. “O povo vai ao teatro. O circo vai ao povo”, resume ele, ao lembrar que muitos locais afastados só conhecem manifestações culturais graças à chegada de um circo. “Enquanto houver o sorriso de uma criança, o circo será eterno”, finaliza emocionado.
Como curiosidade, o Dia do Circo é comemorado em 27 de março em homenagem ao palhaço Piolim, nome artístico de Abelardo Pinto, um dos mais respeitados artistas da história circense brasileira, que nasceu nessa data e foi homenageado pelo governo de São Paulo por sua contribuição à cultura nacional.
O Circo Teatro Fool segue sua missão de manter viva a tradição do picadeiro, com paixão, resistência e arte que atravessam gerações.