Lula ameaça sobretaxar produtos dos EUA após fala contra Trump
Durante visita à Ásia, presidente criticou medidas protecionistas de Trump e sinalizou possível retaliação tarifária ao aço
Por Plox
27/03/2025 10h50 - Atualizado há cerca de 1 mês
Em sua última declaração antes de deixar o Japão rumo ao Vietnã nesta quinta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sinalizou a possibilidade de aplicar medidas de retaliação comercial contra os norte-americanos.

Ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Lula afirmou que o Brasil poderá adotar a chamada 'lei da reciprocidade' caso a taxação de 25% sobre o aço brasileiro não seja resolvida via Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Temos duas alternativas: uma é recorrer à OMC, o que já decidimos fazer. A outra é sobretaxar os produtos que importamos dos Estados Unidos. É a aplicação da lei da reciprocidade”, afirmou. Ele também criticou a postura do governo norte-americano: “Não dá para aceitar que só eles estejam certos e possam taxar livremente. Trump não é o xerife do mundo. Ele precisa dialogar mais com os outros líderes”.
Na visão do presidente brasileiro, o protecionismo adotado por Trump poderá ter efeitos negativos para os próprios Estados Unidos, incluindo aumento de preços e pressão inflacionária. “Esse tipo de política não beneficia nenhum país. Vamos aguardar os resultados. Talvez o tempo mostre quem tem razão”, declarou.
Lula desembarcou nesta quinta-feira em Hanói, no Vietnã, onde permanece até sábado (29). A agenda prevê reuniões com o presidente vietnamita, Luong Cuong, e com o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh. De acordo com o Itamaraty, o foco é fortalecer a “parceria estratégica” entre os dois países, sendo o Vietnã o quinto maior destino das exportações do agronegócio brasileiro.
Durante sua passagem pelo Japão, Lula firmou 10 acordos bilaterais e 80 instrumentos de cooperação com entidades acadêmicas e de pesquisa. As iniciativas abrangem temas como transição energética, segurança alimentar, mudanças climáticas, combate ao desmatamento, prevenção de desastres naturais, aumento do comércio bilateral — especialmente na área de combustíveis — e parcerias industriais.