Pesquisadores da UFMG estudam produzir cimento com material de barragens

O trabalho se baseia em transformar o material das barragens em um tipo de cimento colorido (pozolana)

Por Plox

27/05/2019 10h55 - Atualizado há quase 5 anos

Diante de tragédias como as ocorridas em Mariana, em 2015, Brumadinho em janeiro deste ano, e iminência em Barão de Cocais, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo uma opção para reaproveitar o rejeito das barragens. O trabalho, em fase experimental, se baseia em transformar o material das barragens em um tipo de cimento colorido (pozolana), o que pode ser utilizado como base de concreto, argamassa e pelotas de minério, servindo para a agricultura e em asfaltos. A pozolana também pode ser misturada ao cimento tradicional. O cimento comum é produzido a partir do calcário, que passa por processo de exploração, mas ao invés de fazer essa exploração, a alternativa seria misturá-lo à pozolona, economizando em explosivos. 

Barragem Barão- Foto: Divulgação/Vale

Barragem em Barão de Cocais, na iminência de sofrer queda de talude- Foto: Divulgação/Vale


O pesquisador e coordenador do Laboratório de Geotecnologias e Geomateriais do Centro de Produção Sustentável da UFMG, Evandro Moraes da Gama, afirma que pode se transformar em produto tudo o que estiver nas barragens de minério. “A proposta é termos um sistema sustentável completo na cadeia da mineração. Isso é técnica e economicamente viável". São produzidos diversos materiais na fábrica experimental desse trabalho, como blocos, tijolos etc. Evandro diz que as empresas de mineração poderiam fazer parcerias com outras empresas para operar oficinas de reaproveitamento do material no próprio setor da mineração.

O pesquisador realizou um trabalho junto à Agência Nacional de Mineração (ANM), calculando o impacto da geração de produtos por meio do material desejado nas barragens e quanto isso teria em volume nas barragens. O resultado é que haveria uma diminuição de 42% no volume de material, entre 2014 e 2039. Sobre o projeto, a Vale apenas informou que "já apresentou às autoridades brasileiras um plano para acelerar a descaracterização de todas as suas barragens construídas pelo método de alteamento a montante" para as reintegrar à natureza. 

Atualizada às 11h46

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