Novo modelo de cobrança da Netflix causa controvérsia entre assinantes
Como resposta, a empresa optou por mudar seu posicionamento em relação ao compartilhamento de senhas, que até 2017 era encorajado pela própria plataforma em suas redes sociais.
Por Plox
27/05/2023 09h03 - Atualizado há mais de 2 anos
Em meio ao universo digital do streaming, uma notícia recente tem causado turbulência: a Netflix, líder global no mercado, anunciou que começará a cobrar R$12,90 por usuário que acessar a conta de outro local que não seja o endereço cadastrado no serviço. Esta medida, que visa controlar o compartilhamento de senhas, desencadeou uma onda de protestos de assinantes que ameaçam cancelar a plataforma.

A decisão que virou alvo de críticas
A gigante do streaming possui, atualmente, cerca de 230 milhões de assinantes em todo o mundo. Dentre esses, estima-se que 100 milhões compartilhem a senha de suas contas com terceiros. Esta prática, segundo o Citibank, pode estar causando prejuízos na ordem de aproximadamente US$ 6 bilhões (ou R$ 30 bilhões) ao ano para a Netflix.
O número de assinaturas teve uma queda expressiva em 2022, com a perda de 200 mil contas apenas nos primeiros três meses do ano. Como resposta, a empresa optou por mudar seu posicionamento em relação ao compartilhamento de senhas, que até 2017 era encorajado pela própria plataforma em suas redes sociais.
Reações da comunidade online
A novidade não foi bem recebida por muitos assinantes, que se manifestaram nas redes sociais. Entre os comentários, encontramos o perfil "Tio Wilson", questionando: "Eu sempre fico alternando entre Curitiba e minha casa no litoral do PR, terei que pagar valor extra para utilizar em localização diferente?”. Outra usuária, a professora universitária Amanda Torch, também se manifestou: "Eu trabalho em duas cidades e, portanto, tenho duas residências. Vocês vão me cobrar mais caro pelo mesmo serviço @netflixbrasil?!”.
Piter Galeano, assinante do plano mais caro da plataforma, demonstrou sua insatisfação de forma ainda mais contundente: “Pago plano ultra de R$ 55,90, divido com duas irmãs, por isso assinamos o plano mais alto, e agora querem cobrar um valor extra?? Porque pra @netflixbrasil minhas irmãs por não morarem na mesma casa não são família??”.
A maior parte dos assinantes, no entanto, foi mais longe e ameaçou cancelar sua assinatura. Como exemplo, Sávio Secco declarou: "Após 9 anos ininterruptos, estou cancelando minha assinatura. As séries canceladas eu até relevei, mas mamãe não poder usar minha conta foi demais. A mensalidade já é o dobro das concorrentes".
Procon-SP intercede
A discussão em torno da nova taxa levou o Procon-SP a notificar a Netflix, buscando esclarecer os termos e condições desta nova modalidade de cobrança. O órgão de defesa do consumidor explicou que pretende compreender melhor o novo sistema de acesso e a cobrança envolvida, incentivando os assinantes a registrarem suas reclamações para análise dos casos.
Como será a nova dinâmica de acesso?
Ainda há dúvidas sobre como a Netflix pretende implementar e monitorar a nova taxa de compartilhamento de senha. As especulações indicam que a empresa poderá rastrear endereços IP, IDs de dispositivos e atividade da conta para identificar acessos fora da residência cadastrada. No entanto, isso não deve afetar os usuários que estiverem em viagens ou acessando a Netflix de outros locais temporariamente. Nesses casos, será necessário verificar o dispositivo ou redefinir a "residência Netflix".
Em seu site, a Netflix fornece instruções de como alterar a "residência Netflix". A empresa sugere que, para definir ou alterar sua residência, o assinante deve usar um dispositivo conectado à sua conexão de internet mais utilizada.
A empresa, no entanto, reforça que esta taxa adicional só será aplicada nos planos Padrão (2 telas simultâneas; 1 assinante extra) e Premium (4 telas simultâneas; 2 assinantes extras), que variam de R$ 18,90 a R$ 55,90. Aqueles que optarem pelo compartilhamento de senha, independentemente do local de acesso, deverão arcar com o pagamento extra de R$ 12,90 por pessoa.
Ainda assim, a mudança é polêmica e promete continuar alimentando debates entre os usuários e a plataforma de streaming. O resultado dessa estratégia da Netflix e suas consequências para o mercado do streaming ainda estão por vir.