Após semanas internada, idosa morre por intoxicação causada por torta contaminada em BH
Cleuza Maria, de 78 anos, estava hospitalizada desde abril após consumir alimento vendido em padaria interditada no Bairro Serrano; morte foi confirmada nesta terça-feira (27)
Por Plox
27/05/2025 20h09 - Atualizado há 3 dias
No final de abril, um caso de intoxicação alimentar envolvendo uma torta de frango vendida em uma padaria do Bairro Serrano, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, ganhou repercussão. A aposentada Cleuza Maria de Jesus, de 78 anos, consumiu o alimento junto com sua sobrinha e o namorado dela no dia 21 daquele mês. Poucas horas depois, o casal, Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23 anos, e José Vitor Carrillo Reis, de 24, apresentou sintomas graves e precisou ser hospitalizado. Já Cleuza, que não sentiu nada de imediato, sofreu uma parada respiratória no dia seguinte.

O trio havia consumido também uma empada, comprada no mesmo estabelecimento. A padaria, identificada como Padaria Natália, foi interditada dois dias depois pela Vigilância Sanitária, que constatou ausência de Alvará Sanitário e condições precárias de higiene e armazenamento dos alimentos.
Desde então, a idosa permaneceu internada em estado delicado. Após mais de um mês de luta, Cleuza Maria não resistiu e morreu na manhã desta terça-feira (27/5). A confirmação foi feita por familiares, e o corpo deu entrada no Instituto Médico Legal (IML) por volta das 14h30, conforme informou a Polícia Civil de Minas Gerais.
Enquanto isso, Fernanda e José Vitor seguem hospitalizados, fora da UTI, mas ainda em recuperação. Os sintomas intensos enfrentados pelos dois reforçam a gravidade do caso.
Inicialmente, a principal suspeita era de botulismo, intoxicação grave causada por toxinas bacterianas. Porém, exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz deram negativo para essa hipótese. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais solicitou novos testes para verificar a presença de outras neurotoxinas e agentes patogênicos.
Mesmo com o resultado negativo, familiares das vítimas contestaram a conclusão. Segundo uma parente, os médicos que acompanham os pacientes acreditam que se trata sim de botulismo, explicando que exames desse tipo apresentam alta taxa de falsos negativos. “Os profissionais dizem com toda certeza que é botulismo. Estão sendo precipitados em descartar essa possibilidade”, afirmou.
O caso permanece sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e da Vigilância Sanitária. O padeiro responsável pela torta, recém-contratado e com apenas seis dias de trabalho na padaria, prestou depoimento e relatou más condições de higiene no local, como armazenamento inadequado e contaminação cruzada.
A esposa do padeiro, Ruth Lazarini, também denunciou as irregularidades, dizendo que alimentos ficavam abertos e misturados dentro do congelador. Segundo ela, uma torta da mesma fornada foi levada para casa, mas nenhum familiar teve sintomas.
A investigação aguarda a finalização dos laudos periciais para determinar a causa e circunstâncias exatas da contaminação. A depender da complexidade, o prazo pode ser prorrogado, conforme informado pela Polícia Civil.