Liderança evangélica critica falta de diálogo do governo Lula
Gilberto Nascimento afirma que governo insiste em pautas contrárias aos valores cristãos
Por Plox
27/06/2025 12h58 - Atualizado há 1 dia
Durante uma entrevista concedida à revista Veja, o deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), apontou sérias dificuldades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em se comunicar com o público evangélico. Segundo ele, o principal entrave é o confronto direto entre as pautas defendidas pela atual gestão e os valores cultivados pelas igrejas.

O parlamentar destacou que a política externa do governo causa desconforto entre os fiéis, especialmente pela aproximação com países como Venezuela e Irã, considerados por ele como hostis a Israel e à liberdade religiosa.
“Alguém pode até dizer: ‘Mas o Lula prega a liberdade religiosa’. Só que, ao mesmo tempo, ele apoia países que não agem dessa forma. E isso ecoa no eleitorado”
, afirmou.
Ele pontuou ainda que o distanciamento entre o Planalto e os evangélicos não se limita à pauta de costumes, mas também se estende ao campo econômico. Nascimento explicou que muitos fiéis têm sentido no dia a dia os efeitos da inflação e da crise econômica. \"Os evangélicos vão ao mercado, ao posto de gasolina, e constatam que a situação econômica está difícil, que os preços estão aumentando.\"
Diante das tentativas do Partido dos Trabalhadores (PT) de se aproximar desse segmento por meio de ações internas e cursos de formação, o deputado se mostrou cético quanto ao sucesso dessa estratégia. \"Estamos tratando de um grupo inteligente, que sabe muito bem quão difícil é para uma legenda mais liberal na agenda dos costumes ir a uma igreja e dizer: 'Agora nós estamos nos mexendo para falar com você, fiel'\", comentou.
Na visão de Nascimento, o problema é mais profundo do que uma simples falha de comunicação. Ele acredita que há uma insistência do governo em promover propostas que o segmento evangélico considera inaceitáveis, como o aborto, a legalização das drogas, jogos de azar e a terapia hormonal para crianças. \"Infelizmente, alguns ministérios acabam acenando para pautas que são muito contra nós\", criticou.
O deputado também falou sobre o posicionamento de líderes evangélicos em relação aos réus do 8 de janeiro. Segundo ele, a atuação do grupo parlamentar não visa defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas lutar por penas proporcionais. \"Vi donas de casa, jovens, aposentados, gente muito calma nos acampamentos. Não se pode dar uma pena de 14, 15 anos de prisão mesmo para aqueles que não causaram danos ao patrimônio\", concluiu.
A entrevista evidencia a crescente tensão entre o governo federal e uma das bancadas mais influentes do Congresso Nacional, apontando para um cenário de embates frequentes nos temas considerados inegociáveis por esse setor religioso.
“Uma coisa é quando você é irmão, tem certos compromissos e responsabilidades. Outra, é mudar a linguagem, mas seguir na mesma tecla ideológica”
, destacou Gilberto Nascimento ao criticar o discurso do PT.