Operação Overclean encontra dinheiro em closet de ex-prefeito na Bahia
PF apreende maços de notas em investigação sobre desvio de emendas parlamentares envolvendo políticos e empresários
Por Plox
27/06/2025 11h05 - Atualizado há 3 dias
Durante a quarta fase da Operação Overclean, deflagrada nesta sexta-feira (27), a Polícia Federal encontrou uma grande quantidade de dinheiro em espécie escondida em gavetas do closet do ex-prefeito de Paratinga, Marcel José Carneiro de Carvalho (PT). As notas, de R$ 50, R$ 100 e R$ 200, estavam organizadas em maços dentro de um guarda-roupa e de um armário na residência do ex-gestor.

A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também resultou no afastamento dos prefeitos de Ibipitanga, Humberto Raimundo Rodrigues de Oliveira (PT), e de Boquira, Alan Machado (PSB). Ambos são aliados políticos do deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), que teve o sigilo telefônico quebrado por determinação do STF. O assessor parlamentar Marcelo Chaves Gomes foi afastado do cargo e também foi alvo de mandados de busca e apreensão.
A investigação apura o repasse irregular de emendas parlamentares destinadas a municípios baianos entre 2021 e 2024. Segundo a Polícia Federal, o grupo atuava de forma coordenada para liberar recursos federais mediante o pagamento de vantagens indevidas, além de manipular licitações para favorecer empresas previamente escolhidas. Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Operação Overclean teve início em dezembro de 2024, com foco no desvio de recursos de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). O empresário José Marcos Moura, conhecido como \"Rei do Lixo\" devido aos contratos firmados na área de limpeza urbana na Bahia, é apontado como líder do esquema. Moura foi preso preventivamente na primeira fase da operação, mas posteriormente foi solto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Na terceira fase da operação, deflagrada em abril, o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral, foi afastado do cargo após a PF encontrar maços de dólares e euros, joias e relógios em um cofre em sua residência. A investigação aponta que Barral foi indicado ao cargo pela cúpula do partido União Brasil e pelo empresário Marcos Moura.
A Polícia Federal estima que cerca de R$ 1,4 bilhão tenha sido desviado por meio de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça. A operação conta com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), da Receita Federal do Brasil (RFB) e da Controladoria-Geral da União (CGU), além da agência americana Homeland Security Investigations (HSI).
As investigações continuam em andamento para identificar todos os envolvidos no esquema e recuperar os recursos públicos desviados.