Preço do café recua nas bolsas e pode aliviar bolso do consumidor
Colheita em alta e estoques elevados influenciam queda nos preços, mas geadas no Sul de Minas geram incertezas
Por Plox
27/06/2025 07h33 - Atualizado há 3 dias
Ao contrário do que foi observado em 2024 e no início deste ano, o mercado internacional do café passou a registrar queda nos preços. Em junho, a saca do café arábica está sendo negociada por valores inferiores a R$ 2.200, patamar que não era visto desde dezembro do ano passado. A expectativa é de que essa redução chegue ao consumidor apenas no segundo semestre, segundo projeções do setor.

Embora os preços nas bolsas tenham recuado, os dados do IBGE indicam que o café ainda apresentou alta de 2,86% no IPCA-15 de junho, em âmbito nacional. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o aumento foi de 1,45%. O movimento de baixa, porém, está relacionado à intensificação da colheita nas principais áreas produtoras, o que amplia a oferta do produto.
De acordo com o Cepea, houve retração acumulada de 7,2% até 16 de junho, e, no caso do café robusta, o recuo chegou a 8,65%. A analista Ana Carolina Alves, da Faemg, explica que isso é natural:
“Uma vez que a gente aumenta a oferta do produto no mercado, então tem mais disponibilidade de café”
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Ela também observa que os produtores aproveitaram os preços mais altos no início da colheita para vender boa parte da produção. “Essa queda agora é esperada, mas o café é uma das commodities mais voláteis do mundo, perdendo apenas para o petróleo. Fatores como clima, câmbio e geopolítica influenciam fortemente os preços”, destacou.
No entanto, nem tudo é tranquilidade no setor. O risco de geadas no Sul de Minas, a maior região cafeeira do estado, preocupa os produtores. Uma frente fria prevista para os próximos dias pode causar camadas de gelo leves, o que colocaria em risco as lavouras e poderia provocar elevações de preço, dependendo da gravidade do impacto.
Segundo Ana Carolina Alves, no curto prazo, os valores tendem a se manter estáveis. “A entrada da safra pressiona os preços para baixo, mas fatores como geada e chuva podem reverter essa tendência, dependendo da intensidade com que afetarem a produção.”
Nos supermercados, embora oficialmente não comentem, já é possível perceber leve redução nos preços das embalagens de 500g na capital mineira e entorno. O presidente da Amipão, Vinicius Dantas, aponta uma projeção de queda de até 15% nos preços, atribuindo isso ao grande volume de estoques acumulados.
Dantas ainda acrescenta que o aumento acumulado de 82% nos últimos 12 meses afetou diretamente o consumo. “As pessoas passaram a consumir menos café, mudando até seus hábitos”, finalizou.