STF afasta prefeitos e quebra sigilo de deputado por suspeita de desvio de emendas

Nesta sexta-feira (27), a quarta fase da Operação Overclean foi deflagrada pela Polícia Federal, com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF), resultando no afastamento de dois prefeitos baianos e na quebra de sigilo telefônico do deputado federal Félix Mendonça (PDT-BA).

Foto: Agência Brasil

O foco da operação são repasses irregulares de emendas parlamentares destinadas a cidades da Bahia, supostamente manipuladas por Marcelo Chaves Gomes, assessor de Mendonça e apontado como operador financeiro do esquema. Ele também foi afastado do cargo e teve sua residência alvo de buscas.

Foram afastados os prefeitos Humberto Raimundo Rodrigues de Oliveira, de Ibipitanga, e Alan Machado, de Boquira. Já o ex-prefeito de Paratinga, Marcel José Carneiro de Carvalho, também foi alvo de buscas. Ao todo, foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Salvador, Camaçari, Boquira e Ibipitanga.

O STF, por meio do ministro relator Nunes Marques, autorizou buscas também em empresas e contra empresários envolvidos no esquema. As investigações abrangem crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e contratos administrativos, além de lavagem de dinheiro.

A operação teve origem na investigação sobre desvios de emendas parlamentares direcionadas ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), com destaque para a atuação do empresário Marcos Moura, conhecido como \"Rei do Lixo\" por sua influência em contratos de limpeza urbana na Bahia. Moura já havia sido preso na primeira fase da operação, em dezembro de 2024, junto com outras 16 pessoas, mas foi posteriormente solto pelo TRF-1.

A conexão com o deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, surgiu após a PF encontrar em um cofre de Marcos Moura uma escritura de imóvel transferido para o parlamentar. Novas buscas foram realizadas na residência do empresário.

A segunda fase da Overclean, em dezembro passado, resultou na prisão do vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), e em bloqueio de bens de investigados. A terceira fase, em abril, teve como alvo o então secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral, que teve joias, dólares, euros e relógios apreendidos em sua casa.

\"As investigações indicam uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares, beneficiando aliados políticos e empresários\", declarou a Polícia Federal