Governo busca novos mercados para o agro após alta de tarifa dos EUA
Plano emergencial tenta ampliar exportações e evitar perdas bilionárias com barreiras impostas ao Brasil
Por Plox
27/07/2025 11h10 - Atualizado há 6 dias
Diante da iminente aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos agropecuários brasileiros pelos Estados Unidos, com vigência a partir de 1º de agosto, o governo federal se mobiliza para mitigar os efeitos da medida.

Um plano emergencial foi elaborado por três ministérios — Agricultura, Relações Exteriores e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — com o objetivo de redirecionar os embarques e manter o ritmo das exportações. A estratégia inclui tanto a abertura de novos mercados quanto a ampliação da presença brasileira em destinos que já têm relações comerciais estabelecidas com o país. As atenções estão voltadas especialmente para regiões do Oriente Médio e da Ásia.
Produtos como carne bovina, suco de laranja, frutas, pescados e café estão entre os mais afetados e, por isso, receberam prioridade nas ações. Representantes do setor privado participam das decisões, colaborando na definição de países considerados estratégicos para a negociação. Adidos agrícolas em postos diplomáticos foram instruídos a identificar potenciais compradores, enquanto câmaras de comércio estrangeiras, sobretudo árabes e asiáticas, já iniciaram tratativas para absorver parte da produção brasileira.
Paralelamente, negociações específicas estão em curso. O Japão, por exemplo, já concluiu uma auditoria sobre a carne bovina brasileira e pode autorizar a importação a partir de novembro. Já na Coreia do Sul e na Turquia, o foco está em abrir oficialmente os mercados. Para o Vietnã, Indonésia e México, o objetivo é ampliar o número de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar.
No caso do suco de laranja, o governo tenta derrubar tarifas impostas pela China e fortalecer as exportações para a Arábia Saudita. Frutas brasileiras também são promovidas em território chinês. Já o café tem como alvos principais os mercados australiano e chinês, onde há potencial de crescimento no consumo.
Apesar dos esforços, empresários do setor reconhecem que os resultados das articulações não serão imediatos, principalmente para cargas que já estão em trânsito rumo aos EUA. Há uma preocupação generalizada com a produção que não será absorvida pelo mercado interno, o que poderia causar queda nos preços. Por isso, os exportadores pediram ao vice-presidente Geraldo Alckmin que a nova tarifa americana considere a data de embarque das mercadorias, conforme indicado no documento Bill of Landing.
“É preciso respeitar os contratos em andamento e as cargas já embarcadas”, defendeu um representante do setor produtivo
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Em 2024, os Estados Unidos figuraram como o terceiro maior comprador do agronegócio brasileiro, tendo importado US$ 12,1 bilhões em produtos. Caso a tarifa de 50% entre em vigor conforme o previsto, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula um impacto de até US$ 5,8 bilhões em perdas nas exportações.
O governo aposta na agilidade diplomática e na articulação com o setor produtivo para reverter ou amenizar os danos. Enquanto isso, o cenário exige rápida adaptação por parte dos exportadores, que já analisam alternativas viáveis para o escoamento da produção.