Nanorrobôs eliminam células cancerígenas e reduzem tumores em estudo inovador

Estudo sueco revela que nova tecnologia de nanorrobôs pode inibir crescimento de tumores em até 70% em testes com camundongos

Por Plox

27/08/2024 16h12 - Atualizado há cerca de 2 meses

Pesquisadores do Karolinska Institutet, em Estocolmo, desenvolveram uma nova tecnologia que promete revolucionar o tratamento contra o câncer. Utilizando nanorrobôs, robôs em escala nanométrica, a equipe conseguiu reduzir em 70% o crescimento de tumores em camundongos com câncer de mama, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Nature Nanotechnology.

Ação seletiva e segura dos nanorrobôs

Boxuan Shen/Reprodução

A inovação dos cientistas suecos está na capacidade dos nanorrobôs de atacar exclusivamente células cancerígenas, preservando as células saudáveis. Essa precisão é alcançada através de uma "arma letal" que permanece escondida dentro de uma nanoestrutura, sendo ativada apenas no microambiente do tumor. "Este nanopadrão hexagonal de peptídeos se torna uma arma letal", explicou Björn Högberg, professor do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Karolinska Institutet e líder do estudo. "Se você o administrasse como um medicamento, ele começaria a matar células no corpo indiscriminadamente, o que não seria bom. Para contornar esse problema, escondemos a arma em uma nanoestrutura construída a partir de DNA", completou.

Origami de DNA: a tecnologia por trás dos nanorrobôs

A técnica utilizada para construir essas nanoestruturas é conhecida como "origami de DNA", uma área de pesquisa que a equipe de Högberg vem explorando há anos. Esse método permite criar um "interruptor de segurança" que só é ativado ao entrar em contato com o ambiente específico das células cancerígenas. Em condições normais, com pH de 7,4, a arma permanece inativa. No entanto, quando o pH cai para 6,5, característica do microambiente tumoral, a estrutura se desdobra, expondo os peptídeos que destroem as células doentes.

Impacto significativo no tratamento do câncer de mama

Os testes realizados em camundongos com câncer de mama demonstraram o potencial dessa tecnologia, com uma redução de 70% no crescimento tumoral em comparação com os animais que receberam uma versão inativa do nanorrobô. Yang Wang, primeiro autor do estudo e pesquisador do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Karolinska Institutet, destacou a importância desses resultados: "Agora precisamos investigar se isso funciona em modelos de câncer mais avançados que se assemelham mais à doença humana real. Também precisamos descobrir quais efeitos colaterais o método tem antes que ele possa ser testado em humanos".

Próximos passos e futuras aplicações

O avanço na pesquisa com nanorrobôs abre novas perspectivas para o tratamento de diferentes tipos de câncer. Os cientistas planejam aprimorar a tecnologia para torná-la ainda mais específica, utilizando proteínas ou peptídeos que se liguem diretamente a certos tipos de células cancerígenas. Além disso, o Karolinska Institutet já está se movendo para patentear a invenção, sinalizando a intenção de levar essa tecnologia promissora adiante, rumo a testes clínicos e, eventualmente, sua aplicação em tratamentos oncológicos.

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