Eduardo Bolsonaro critica pré-candidaturas da direita às vésperas de julgamento do pai
Deputado afirma que tentativas de substituição política de Jair Bolsonaro são chantagens e destaca que decisões estratégicas passam por ele
Por Plox
27/08/2025 09h13 - Atualizado há 3 dias
Nas vésperas do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), usou as redes sociais para disparar críticas contra nomes da direita que já articulam candidaturas à Presidência em 2026. O parlamentar, que está nos Estados Unidos desde março, demonstrou irritação com a movimentação política de aliados que, segundo ele, estariam se aproveitando da fragilidade do momento para disputar espaço no bolsonarismo.

Embora não tenha mencionado nomes, os comentários de Eduardo coincidem com a recente atuação de figuras como os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, que já iniciaram articulações políticas e eventos que sinalizam pré-candidaturas. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, também tem adotado postura cada vez mais próxima de um presidenciável em agendas públicas e privadas.
“Há uma curiosidade no ar: quanto mais próximo do julgamento do meu pai, mais pessoas têm falado sobre substituí-lo na corrida presidencial. E, de maneira descarada, essas mesmas pessoas ainda dizem que é para o bem de Bolsonaro, porque o apoiam. Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem”, escreveu Eduardo no X (antigo Twitter), na última terça-feira, 26 de agosto.
Radicado nos EUA, onde tenta conseguir apoio da gestão de Donald Trump para impor sanções a autoridades brasileiras, Eduardo voltou a defender sua centralidade nas decisões políticas relacionadas ao futuro de seu pai. Segundo ele, qualquer movimentação estratégica só acontecerá com seu aval e participação direta.
“Acho que já deixei claro que não me submeto a chantagens. Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter.”
, escreveu.
O deputado afirmou ainda que o julgamento de Jair Bolsonaro, previsto para começar em 2 de setembro na Primeira Turma do STF, está sendo usado como uma ferramenta para forçá-lo a decisões políticas sem volta. “O julgamento é a faca no pescoço de JB, é o ‘meio de pressão eficaz’ para forçar Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás”, disse.
De forma contundente, Eduardo declarou que não aceitará alianças baseadas em pressão. “Quem compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não será percebido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos bolsonaristas”, completou.
O deputado ainda fez um apelo por coerência e lealdade ao bolsonarismo, dizendo que atitudes são mais importantes que discursos. “Antes de mais nada, caminhar com Bolsonaro significa ter princípios, coerência e valores. Aviso desde já, para depois não virem com a ladainha de que eu estou desunindo a direita ou sendo radical: na base da chantagem vocês não irão levar nada.”
Além de Jair Bolsonaro, que comandou o país entre 2019 e 2022, outros sete nomes – entre ex-ministros e militares de alta patente – também serão julgados pelo STF. Todos fazem parte do chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe de Estado, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão sobre o futuro político e jurídico do grupo será tomada pelos cinco ministros da Primeira Turma da Corte.