“Estão enterrando Bolsonaro vivo”, diz coronel após visita

Vice-prefeito de São Paulo relata estado emocional de Bolsonaro e critica aliados que já disputam seu espaço político

Por Plox

27/08/2025 11h21 - Atualizado há 3 dias

O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última terça-feira (26) e revelou que o aliado está abatido e indignado com o que considera uma perseguição política. Os dois, que são amigos próximos, passaram quatro horas juntos em conversa reservada.


Durante o encontro, realizado das 14h às 18h, Mello Araújo relatou que Bolsonaro está emocionalmente abalado, alternando momentos de riso ao lembrar do passado com lágrimas por conta das “injustiças” que afirma estar sofrendo. Segundo o vice-prefeito, o ex-presidente perdeu cerca de 3 kg desde que passou a cumprir prisão domiciliar e tem tido dificuldade até mesmo para se exercitar. "Forcei a barra para ele fazer exercícios físicos, mas ontem não deu", contou.


Sem acesso a celular, Bolsonaro recebe informações externas por meio da esposa Michelle, dos filhos e de outros familiares. Apesar disso, acompanha atentamente as movimentações políticas, especialmente com a aproximação de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para começar na próxima semana.


Disputa por espaço político


Mello Araújo criticou duramente a movimentação de líderes políticos que já se colocam como possíveis sucessores de Bolsonaro, especialmente em meio às incertezas sobre sua elegibilidade. “Estão enterrando o Bolsonaro vivo. É como se um pai estivesse na UTI e os filhos disputassem o espólio antes da morte”, afirmou. O vice-prefeito reforçou que falava dos "herdeiros políticos", e não dos filhos biológicos do ex-presidente. As declarações foram dadas à Folha de São Paulo, após a visita ao amigo.


Entre os nomes citados como prováveis candidatos à Presidência em 2026 estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás. Tarcísio, inclusive, já tem se reunido com empresários e dirigentes partidários em eventos onde é tratado como presidenciável.


“O que eles querem são os 30% dos votos dele. Povo sem-vergonha!”, criticou Mello Araújo. Segundo ele, Bolsonaro ainda não manifestou apoio a nenhum nome. “Só depois do julgamento ele vai decidir o que fazer”, garantiu.


Foco no julgamento


Para o vice-prefeito, o momento exige união da direita em defesa de Bolsonaro, e não articulações para a eleição de 2026. “Qual é o tema principal agora? A eleição, que é só em 2026, ou o julgamento do Bolsonaro? É óbvio que é o julgamento”, afirmou. “Amizade, lealdade, não existe nada disso. Só existe uma disputa pelo poder.”


Durante a conversa, o tema das candidaturas foi pouco abordado. O foco, segundo Mello Araújo, foi o julgamento e a possibilidade de condenação. Bolsonaro teria expressado revolta por ser acusado sem, segundo ele, ter cometido qualquer crime. “Ele está indignado. Como um presidente que não roubou, que não tem milhões em casa, que nunca teve nada encontrado, vai ser condenado? Enquanto bandidos são soltos todos os dias?”, disse o vice-prefeito.


Nos momentos mais difíceis da conversa, Mello Araújo contou ter tentado animar o ex-presidente com lembranças dos tempos de governo e do apoio que ainda recebe de eleitores fiéis. “Ele tem esperança e fé muito grande numa intervenção divina”, concluiu.

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