Traficantes baleiam cão 'jurado de morte' em comunidade do Rio

Um cachorro foi baleado após ser ameaçado por traficantes na favela Para-Pedro, em Irajá, zona norte do Rio de Janeiro. O animal, chamado de Irajá pelos moradores, teria se tornado alvo dos criminosos após morder uma pessoa.

Foto: Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais/Divulgação

De acordo com Luiz Ramos Filho, secretário municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA), o cão foi resgatado às pressas por estar ferido e correndo risco de morte. \"Ele não pode retornar para a comunidade. Agora, está sob nossos cuidados e precisa urgentemente de adoção\", afirmou.

O ataque aconteceu na última quinta-feira (25). Irajá foi baleado no tórax, e o projétil saiu pela pata dianteira esquerda, causando fratura e a perda de um dos dedos. Após passar por cirurgia, o animal está abrigado em uma unidade da prefeitura, aguardando recuperação e adoção. O ortopedista Alexandre Camarinha, responsável pelo procedimento, informou que o cão está em observação para avaliar a necessidade de nova intervenção cirúrgica.

Esse foi o segundo caso em menos de 24 horas. Na manhã da quarta-feira anterior (24), a cadela Nina foi atingida por um tiro enquanto estava na porta de casa, no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. O local era palco de um confronto entre policiais e traficantes. A bala atravessou o tórax da cadela e saiu pela pata dianteira esquerda.

Nina foi socorrida no posto veterinário municipal da região e, posteriormente, encaminhada para o Instituto Jorge Vaitsman, na Mangueira. Ela passou por cirurgia para fixação externa e se recupera bem.

Segundo dados da SMPDA, seis animais foram atingidos por disparos apenas no mês de setembro. A secretaria anunciou que pretende criar um protocolo específico para esses atendimentos e que os casos serão comunicados formalmente às autoridades policiais.

\"Estamos vendo um aumento alarmante de casos de animais baleados. Muitos são alvos por simplesmente latirem ou se aproximarem de pessoas armadas. Alguns nem conseguimos resgatar a tempo\", afirmou Ramos Filho.

Outro caso relatado envolve uma cadela grávida, baleada após seu tutor ser expulso por traficantes de uma comunidade na zona oeste. Os criminosos, como forma de retaliação, atiraram na cadela. Ela foi operada na rede municipal, mas os filhotes não resistiram.

\"A violência urbana tem atingido também os animais, vítimas inocentes em meio aos conflitos armados nas comunidades\", concluiu o secretário.