Ricardo Nunes vence Boulos com 59,56% dos votos e é reeleito prefeito de São Paulo
O prefeito contou com apoio de doze partidos e forte aliança política; campanha foi marcada por disputas acirradas com adversários e polêmicas
Por Plox
27/10/2024 18h54 - Atualizado há 11 dias
Ricardo Nunes (MDB) garantiu a reeleição para a Prefeitura de São Paulo neste domingo (27), obtendo 59,56% dos votos válidos. Apoiado por uma coligação de doze partidos, incluindo PP, PL, PSD e Republicanos, Nunes consolidou sua base política ao lado de líderes conservadores e garantiu o maior tempo de propaganda eleitoral no primeiro turno.
Com apoio direto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes construiu uma campanha sólida que o levou a vencer o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), que obteve 40,43% dos votos.
Alta abstenção e posse em janeiro
A eleição de 2024 registrou uma alta histórica na abstenção de eleitores, com 31% dos paulistanos ausentes das urnas. Apesar do cenário de menor participação, a vitória foi assegurada com uma diferença de aproximadamente 1 milhão de votos. Nunes assumirá o novo mandato em 1º de janeiro de 2025, mantendo como vice o Coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora Bolsonaro tenha dado apoio formal, ele se manteve discreto na campanha de Nunes, ao contrário de Tarcísio de Freitas, que desempenhou papel fundamental na mobilização da base conservadora da cidade.
Polêmicas e ataques na reta final
O período eleitoral foi marcado por trocas de acusações e processos. Em um episódio de maior repercussão, o governador Tarcísio de Freitas declarou que o PCC estaria enviando supostos "salves" a familiares de detentos para apoiar Guilherme Boulos, do PSOL. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo afirmou não ter recebido provas dessas mensagens. Além disso, Nunes enfrentou ações judiciais e uma queixa-crime de Boulos, e a campanha foi marcada por tensões como o episódio em que o marqueteiro de Nunes, Duda Mendonça, foi agredido pelo assessor de Pablo Marçal (PRTB) após um debate.
Desafios no primeiro turno e debates acalorados
No primeiro turno, a disputa foi acirrada: Nunes passou ao segundo turno com apenas 81.865 votos a mais que o terceiro colocado, Pablo Marçal. Ele enfrentou diversas críticas sobre sua gestão e uma taxa de desaprovação de 28%, conforme pesquisa do Datafolha. Nos debates, a situação foi ainda mais intensa, com Nunes frequentemente sendo confrontado por rivais, que o acusaram de envolvimento em um suposto esquema chamado de “máfia das creches”, o que ele negou categoricamente, afirmando que nunca foi processado ou condenado por irregularidades.
Estrategista e perfil de liderança
Durante a campanha, Nunes evitou confrontos diretos e ausentou-se de alguns debates televisivos no segundo turno. Essa estratégia, conhecida como “jogar parado”, buscava explorar a rejeição de Boulos entre setores mais conservadores. Para conquistar o eleitorado evangélico, mesmo sendo católico, Nunes participou de eventos religiosos com Tarcísio e buscou fortalecer sua imagem junto a esse público.
Histórico e trajetória de Ricardo Nunes
A trajetória política de Nunes começou em 2012, quando foi eleito vereador com mais de 30 mil votos, e reeleito em 2016. Em 2021, assumiu a Prefeitura de São Paulo após o falecimento de Bruno Covas. Aos 56 anos, Nunes é empresário, nascido na Zona Sul de São Paulo, e torcedor do Palmeiras. É casado com Regina Nunes, com quem tem três filhos e um neto, e é conhecido por seu gosto por novelas e sua devoção ao padre Marcelo Rossi.