Polícia Federal diz que Bolsonaro deixou país para evitar prisão e esperar desfecho do 8/1
O material foi encontrado no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje delato
Por Plox
27/11/2024 07h22 - Atualizado há 6 dias
A Polícia Federal (PF) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o Brasil em dezembro de 2022, no fim de seu mandato, para evitar uma eventual prisão e acompanhar o desfecho dos atos antidemocráticos realizados em 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos e retornou ao país apenas em março de 2023.
A conclusão consta no relatório da PF que indiciou Bolsonaro e outros 36 envolvidos por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O documento, antes mantido em sigilo, teve sua divulgação autorizada nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do chamado inquérito do golpe.
Plano de fuga já era elaborado desde 2021
De acordo com a investigação, a PF descobriu que em 2021 foi elaborado um plano de fuga prevendo a saída de Bolsonaro do Brasil caso suas investidas contra o Judiciário e a democracia fracassassem e colocassem sua liberdade em risco.
O material foi encontrado no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje delator. Entre os documentos, havia uma apresentação de PowerPoint detalhando estratégias para montar uma rede de apoio logístico e garantir a fuga, até mesmo com o uso de armamento, caso o ex-presidente decidisse não cumprir determinações judiciais.
Ainda segundo a PF, o plano original de 2021 foi revisado após a tentativa frustrada de implementar um golpe de Estado em 2022.
Adaptação e execução do plano em 2022
O relatório detalha que, ao não obter apoio das Forças Armadas para uma ruptura institucional, Bolsonaro recorreu à fuga planejada.
“O plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado”, descreve o documento. Segundo a conclusão da PF, a saída do país foi uma medida preventiva do ex-presidente para evitar uma eventual prisão.
Defesa de Bolsonaro
A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente sobre o relatório. Em declaração feita nessa segunda-feira (25), o ex-presidente afirmou: “Nunca discuti golpe com ninguém. Todas as medidas durante meu governo foram tomadas dentro das quatro linhas da Constituição”.
A Agência Brasil tenta contato com os representantes de Bolsonaro para registrar seu posicionamento oficial.