Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul enfrentam margens negativas pelo décimo mês consecutivo, em um cenário de custos elevados e queda persistente nas cotações internas, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Mesmo com o avanço dos embarques para exportação e com o aumento da demanda de outros estados por arroz de maior rendimento, os preços do grão em casca seguem em recuo generalizado na reta final de novembro, sem reação suficiente para cobrir os gastos de produção.

Custos de produção superam com folga os preços recebidos

Levantamento mais recente da Equipe de Custos Agrícolas do Cepea, considerando as aquisições de insumos realizadas em outubro de 2025, mostra que o preço de nivelamento sobre o custo operacional (desembolso) alcançou R$ 66,71 por saca de 50 kg em Uruguaiana (RS) e R$ 61,73 por saca em Camaquã (RS).

Quando se inclui o custo total, os valores sobem para R$ 93,19 por saca em Uruguaiana e R$ 87,88 por saca em Camaquã, evidenciando o peso dos encargos e demais despesas além do desembolso direto com insumos.

Preço médio interno fica bem abaixo do ponto de equilíbrio

Na parcial de novembro, até o dia 21, a média de preços de venda do arroz no mercado interno ficou bem abaixo dos custos calculados. Em Uruguaiana, a referência foi de R$ 54,85 por saca, enquanto em Camaquã o valor médio alcançou R$ 58,40 por saca.

Essa diferença representa preços R$ 38,34 por saca e R$ 29,48 por saca inferiores aos respectivos custos totais apurados no mês anterior, em Uruguaiana e Camaquã. O resultado é um cenário de prejuízo recorrente para o setor, com dez meses consecutivos de margens negativas em Uruguaiana e nove meses seguidos em Camaquã.