Mulher que matou mãe e filha em BH é indiciada por duplo homicídio

As investigações apontam que a suspeita teria matado a mãe, no dia 13 de março, após ser confrontada pela vítima. No dia seguinte à morte da mãe, a mulher matou a própria filha

Por Plox

28/03/2023 10h28 - Atualizado há mais de 1 ano

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou uma mulher de 34 anos pelo homicídio da mãe, uma idosa de 67 anos, e da filha, uma criança de 10 anos, no bairro Piratininga, em Belo Horizonte, no dia 15 deste mês. A investigada irá responder por duplo homicídio, qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Conforme apurado pela equipe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a motivação para o crime seria vingança.

As investigações apontam que a suspeita teria matado a mãe, no dia 13 de março, após ser confrontada pela vítima. A idosa, que pagava pelo financiamento do apartamento no qual morava com a filha e a neta, teria descoberto que o imóvel já estava quitado desde novembro do ano passado. A suspeita foi acusada de estrangular a mãe com um golpe conhecido como mata-leão e cobriu o corpo com um lençol, jogando borra de café ao redor para evitar mau cheiro.

No dia seguinte à morte da mãe, a suspeita matou a filha. A idosa era responsável por manter as contas da casa, e a suspeita percebeu que não teria como arcar com a criação da menina. De acordo com a chefe do DHPP, Letícia Gamboge, a suspeita relatou que teria decidido se matar, mas antes, conversou com a filha. Em uma situação inusitada e repugnante, ela [suspeita] deu opção à filha que seria morrer ou ir para um abrigo, algo que chocou a todos nós no transcorrer da investigação, contou Gamboge.

A mulher primeiro tentou cortar os pulsos da criança, mas a faca estava pouco afiada e a menina gritava de dor. Ela, então, tentou estrangular a filha, como havia feito com a mãe, mas a vítima se debatia muito. Por isso, a suspeita amarrou as mãos da criança para trás e, em seguida, a estrangulou.

Tentativa de suicídio

Após os dois homicídios, a mulher destravou o registro do gás da casa e colocou a cabeça sobre a trempe do fogão, possivelmente tentando um suicídio. Ao sentir o cheiro forte, os vizinhos acionaram o Corpo de Bombeiros Militar, que encontrou a mulher desacordada. Ela foi encaminhada ao hospital para atendimento médico e, dias depois de ser transferida para o sistema prisional, precisou ser internada novamente, permanecendo em unidade hospitalar até hoje.

Investigação

Segundo a delegada que coordena as investigações, Iara França, a mulher teria dito, inicialmente, que matou a mãe durante uma brincadeira, mas a PCMG apurou que a versão não se sustentava. “Essa mulher [suspeita] é uma pessoa extremamente manipuladora, fria e possessiva. Ela tinha todo o controle da casa, não trabalhava, não queria fazer o serviço da casa nem trabalhar fora, não queria tomar conta da própria filha”, disse a delegada, que ainda ressaltou que quem cuidava da criança era a avó. A suspeita não tem nenhum histórico de depressão ou uso de medicamento controlado.

egundo apurado, a suspeita fazia uso de drogas ilícitas, entre maconha e cocaína, e o pai da criança vítima do homicídio, que tinha envolvimento no tráfico de drogas, foi assassinado em 2018. Foto: PCMG/Divulgação.

 

Segundo apurado, a suspeita fazia uso de drogas ilícitas, entre maconha e cocaína, e o pai da criança vítima do homicídio, que tinha envolvimento no tráfico de drogas, foi assassinado em 2018. Ainda conforme levantamentos, a criança foi afastada do convívio com parentes paternos, já que a suspeita não aceitava o contato deles com a menina.

“O fato de uma pessoa ter uma parafilia ou um distúrbio mental não quer dizer que ela seja inimputável e responsável pelas próprias ações. Se ao momento do fato ela tinha entendimento de que aquilo estava ocorrendo, da forma como estava ocorrendo, e ela agiu durante dois, três dias, de uma forma regular, isso é um indicativo de que ela sabia muito bem o que ela estava fazendo”, explicou o chefe da Divisão Especializada de Investigação de Crimes Contra a Vida (DICCV), Frederico Abelha.

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