Ex-técnico da Seleção sub-20 é preso por envolvimento com máfia dos cigarros
Luiz Antônio Verdini, ex-assessor do governo federal, é apontado como braço direito de Adilsinho, foragido e chefe de organização criminosa
Por Plox
28/03/2025 12h55 - Atualizado há 2 dias
O ex-técnico da Seleção Brasileira sub-20, Luiz Antônio Verdini de Carvalho, foi novamente preso nesta quinta-feira (27) pela Polícia Federal durante a Operação Libertatis 2. Ele é apontado pelas investigações como o segundo na hierarquia da organização criminosa chefiada por Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, conhecido por comandar a máfia dos cigarros no Rio de Janeiro.

Verdini, que segundo a PF atua no esquema desde 2018, é suspeito de ser o responsável por realizar transferências bancárias para Adilsinho e sua esposa, além de enviar dinheiro para o exterior. Ele ocupou o cargo de técnico da Seleção sub-20 por sete meses em 2010, conforme confirmado pela CBF, e mais recentemente atuava como doutorando em educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em 2021, Verdini chegou a ser nomeado assessor da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, quando esta ainda integrava a estrutura do Ministério da Cidadania. A exoneração ocorreu em novembro de 2022.

As investigações fazem parte de uma força-tarefa que inclui o Ministério Público Federal, o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), a Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Receita Federal. Nesta nova fase da operação, foram expedidos 21 mandados de prisão preventiva, 26 de busca e apreensão e 12 medidas cautelares nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A PF ainda determinou o bloqueio e sequestro de bens avaliados em aproximadamente R$ 350 milhões, incluindo imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e valores depositados em contas bancárias.
A Operação Libertatis teve início há dois anos, a partir da descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros e do resgate de trabalhadores paraguaios em condições degradantes na Baixada Fluminense. O grupo criminoso é acusado de empregar mão de obra análoga à escravidão, falsificar produtos e usar da intimidação para impor a revenda exclusiva de seus cigarros.
A estrutura da quadrilha incluía até mesmo um braço de segurança paralelo, coordenado por um policial federal e integrado por policiais militares e bombeiros, conforme apontado pela Operação Smoke Free, em 2022. Havia ainda uma célula especializada no fornecimento de insumos e maquinários, além do recrutamento de trabalhadores do Paraguai para as fábricas ilegais.
Um policial rodoviário federal também é investigado por escoltar cargas da organização. Ele foi afastado e teve sua arma funcional apreendida. O dinheiro arrecadado com a venda dos cigarros era posteriormente lavado ou enviado para o exterior.
Os crimes atribuídos aos investigados incluem organização criminosa, tráfico de pessoas, trabalho análogo à escravidão, crime contra a saúde pública, falsificação, evasão de divisas, entre outros.
Adilsinho, chefe da quadrilha e atualmente foragido, já esteve envolvido em diversas investigações, como as operações Furacão (2009) e Dedo de Deus (2011). Em sua residência, a polícia já encontrou milhões de reais escondidos em locais inusitados. Ele também ficou conhecido por dar uma festa de luxo para 500 convidados no Copacabana Palace, em plena pandemia.
Com negócios no ramo da construção civil, Adilsinho chegou a fundar o time de futebol Yasmin, que mais tarde virou o Clube Atlético da Barra da Tijuca. Apaixonado por futebol, ele chegou a atuar como atacante reserva no próprio time.
A PF ainda investiga se ele está envolvido em ao menos 20 assassinatos ou tentativas, supostamente encomendados por um grupo de extermínio ligado à organização.