Investigação da PF mira pai e filho por envio ilegal de 700 brasileiros aos EUA

Operação cumpre mandados em cidades de Minas Gerais contra dupla suspeita de liderar esquema milionário de tráfico de migrantes para os Estados Unidos via México

Por Plox

28/03/2025 08h56 - Atualizado há 3 meses

Uma operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (28) tem como alvo um pai e seu filho, suspeitos de liderar uma organização criminosa especializada no tráfico de migrantes brasileiros para os Estados Unidos, utilizando a fronteira com o México como rota de entrada.


Imagem Foto: Divulgação/Polícia Federal


As ordens judiciais estão sendo cumpridas nos municípios de Ipatinga, no Vale do Aço, e Bugre, na região do Rio Doce, ambos em Minas Gerais. A investigação aponta que mais de 700 brasileiros foram levados ilegalmente ao território norte-americano entre os anos de 2018 e 2024, sendo 227 deles menores de idade no momento da viagem.


De acordo com a PF, a organização operava enviando os migrantes inicialmente a países da América Central, como El Salvador, Costa Rica, Panamá e México. De lá, os brasileiros eram guiados até a fronteira dos EUA, com o auxílio de “coiotes” locais contratados pelos investigados.



O esquema cobrava valores entre 15 mil e 21 mil dólares por pessoa. Em muitos casos, os pagamentos eram feitos por meio da transferência de veículos, acompanhados de procurações registradas em cartório. Com o volume de bens recebidos, os suspeitos chegaram a alugar um galpão para armazenar os automóveis e criaram uma empresa voltada à revenda desses bens, usando o dinheiro para quitar os serviços ilegais prestados.


A estrutura do grupo criminoso incluía a organização completa das viagens, com compra de passagens aéreas em lote, reservas de hotel e transporte terrestre até a travessia da fronteira. As transações financeiras eram realizadas com a ajuda de familiares das vítimas, que usavam contas bancárias próprias para transferir os valores.



Outro ponto apurado é o suposto envolvimento dos investigados com autoridades mexicanas. A PF descobriu que pai e filho articulavam ações para impedir a prisão e deportação dos migrantes, garantindo que os grupos atravessassem com segurança até o território norte-americano.


Com os altos lucros obtidos, os suspeitos mantinham um padrão de vida elevado. Carros de luxo, imóveis sofisticados, viagens internacionais e registros em redes sociais ostentando grandes quantias em dinheiro e refeições caras chamaram a atenção dos investigadores.



Na ação de hoje, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão, além de um mandado de prisão preventiva. A Justiça também determinou o sequestro de bens móveis e imóveis dos envolvidos, totalizando até R$ 62,6 milhões.


Se confirmadas as acusações, os investigados poderão responder por contrabando de migrantes e por promover ou auxiliar a saída de crianças ou adolescentes do país sem a devida autorização legal.


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