Agentes da Polícia Rodoviária acusados de matar homem sufocado com gás são afastados

A corporação emitiu nota oficial dizendo que instaurou processo disciplinar para esclarecer o que ocorreu

Por Plox

27/05/2022 21h35 - Atualizado há quase 2 anos

Os três agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) envolvidos na abordagem policial que resultou na morte de um homem na cidade de Umbaúba, no sul de Sergipe, a cerca de 100 km de Aracaju, foram afastados nesta quinta-feira (26/05). As apurações estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público Federal.

A corporação emitiu nota oficial dizendo que instaurou processo disciplinar para esclarecer o que ocorreu e que retirou das atividades de policiamento os envolvidos na ocorrência. 

Veja o vídeo: 

 

“A PRF instaurou processo disciplinar para elucidar os fatos e os agentes envolvidos foram afastados das atividades de policiamento. A instituição reforça seu compromisso com a transparência e isenção, valores que sempre pautaram sua atuação em 93 anos de história”, informou a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Em seu perfil nas redes sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, escreveu que determinou a abertura de investigações pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para esclarecer o caso. Existe  a possibilidade de que os agentes envolvidos realizem uma reconstituição do crime.

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ao ser questionado por nós jornalistas, nesta quinta-feira (26/05), disse que não estava sabendo sobre o assunto, mas que “execução ninguém admite”.

“Eu vou me inteirar com a PRF. O que eu vi há duas semanas, aqueles dois policiais executados por um marginal que tava, ele tava andando lá no Ceará. Eles foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois, talvez isso, nesse caso que não tomei conhecimento ainda, tivesse na cabeça dele”, disse Bolsonaro aos jornalistas , quando saía de uma capela em Brasília - DF.

De acordo com a nota técnica divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "a morte de Genivaldo Jesus Santos chocou a sociedade brasileira pelo nível de sua brutalidade, expondo o despreparo da instituição em garantir que seus agentes obedeçam a procedimentos básicos de abordagem que orientam os trabalhos das forças de segurança no Brasil".

O caso chocante que envolve a morte de um homem com problemas mentais em uma câmara de gás improvisada em uma viatura policial por agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), além de chocar todo o país, também está em evidência na imprensa internacional. 

Genivaldo de Jesus Santos morreu no mesmo dia em que George Floyd, nos Estados Unidos, há dois anos. A casualidade de datas e da história dos dois homens foi retratada no jornal britânico The Guardian. PAO laudo do Instituto Médico Legal (IML) atesta que o brasileiro também morreu asfixiado, assim como o americano, que foi sufocado por um policial. 

O jornal argentino La Nacion destacou a "comoção" nacional pela história e  recordou que a PRF, "órgão de segurança que deve atuar exclusivamente em estradas", disse o veículo da Argentina.

O jornal francês Le Parisien também falou que o caso “comoveu” o país. "A morte de um homem asfixiado depois de ser colocado no porta-malas de uma viatura de polícia, de onde saía uma fumaça espessa, chocou o Brasil", diz.

Segundo informações de Wallison de Jesus, sobrinho da vítima, Genivaldo foi abordado por estar sem capacete enquanto dirigia uma motocicleta. O sobrinho afirma que informou aos agentes que o tio tinha transtornos mentais e que estava com seu medicamento no bolso. Motivo pelo qual alega que ele teria ficado nervoso, confuso e não obedeceu aos comandos. 

De acordo com as imagens, o homem foi colocado no porta-malas do carro da PRF, com os vidros fechados. Os agentes jogam gás e fecham o compartimento. As imagens mostram Genivaldo se debatendo, com os pés para fora do porta-malas, enquanto os policiais pressionam o porta malas. 

Genivaldo de Jesus Santos tinha transtornos mentais e laudo que confirma que ele era esquizofrênico. Segundo familiares, ele fazia tratamento há 20 anos e era aposentado em virtude dessa condição. O homem deixa sua esposa e um filho de oito anos. A reportagem do PLOX está aberta para manifestações de testemunhas e envolvidos. 


 

Destaques