Acordo com governo leva sindicato de professores federais a encerrar greve

Divergências entre sindicatos podem prolongar paralisação de professores federais

Por Plox

28/05/2024 09h19 - Atualizado há 5 meses

A Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) formalizou nesta segunda-feira (27) a aceitação da proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo Lula. Em contrapartida, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) recusou os termos, aumentando a tensão no movimento grevista que envolve 58 universidades e institutos federais.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Impasse entre Proifes e Andes

A greve, que já dura 54 dias, teve cinco rodadas de negociações sem consenso entre as partes. A proposta aceita pela Proifes prevê um aumento salarial de 9% em janeiro de 2025 e de 3,5% em maio de 2026. No entanto, os servidores reivindicavam um reajuste de 7,06% já em 2024, além de 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em 2026. A negativa do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos em aceitar contrapropostas exacerbou as divergências, com o Andes acusando a Proifes de não ter legitimidade para firmar um acordo.

Repercussão da assinatura do acordo

A assinatura do acordo pelo Proifes gerou uma troca de acusações entre os sindicatos durante uma reunião em Brasília. Gustavo Seferian, presidente do Andes, considerou a ação "um golpe" e "um tiro no pé" do governo. Por outro lado, Wellington Duarte, presidente da Proifes, defendeu a decisão como parte do "jogo democrático". A expectativa é que o anúncio oficial sobre o acordo ocorra no dia 6 de junho.

Perspectivas para a continuidade da greve

O Andes agora busca mobilizar os professores para a continuidade da greve, argumentando que a postura do governo fortaleceu o movimento e fragilizou a imagem de Lula como defensor da educação. Em eventos recentes, Lula enfrentou protestos de docentes e estudantes, e declarou que "eles [servidores] pedem quanto eles querem, a gente [governo] dá quanto a gente pode".

Crise financeira nas universidades

A crise financeira das universidades federais é um dos pontos centrais das reivindicações. Instituições como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) já declararam estar em estado de calamidade financeira. Diante desse cenário, o Andes pressiona por uma recomposição do orçamento das universidades, reduzido nos últimos anos.

Defesa do governo por aliados

Em meio às críticas, aliados do governo no Congresso tentam proteger Lula. Deputados petistas como Zeca Dirceu e Natália Bonavides responsabilizam gestões anteriores pelos problemas enfrentados pela educação. Dirceu ressaltou que "durante cinco, seis anos, a educação só viveu retrocessos", e Bonavides destacou a necessidade de "fazer luta para conseguir conquistas" e resolver a desvalorização salarial e a escassez orçamentária herdadas dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

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