Papa Francisco afirma que seminários estão 'cheios de viadagem' durante reunião com bispos italianos

Declaração polêmica contrasta com postura de acolhimento do pontífice à comunidade LGBTQIA+

Por Plox

28/05/2024 08h53 - Atualizado há 5 meses

O Papa Francisco fez uma declaração controversa em uma reunião a portas fechadas com bispos italianos, afirmando que os seminários estão "cheios de viadagem" e que homens gays não deveriam ser permitidos a se tornar padres, conforme reportagens da imprensa italiana publicadas na segunda-feira (27). Segundo os jornais La Repubblica e Corriere della Sera, o papa usou o termo homofóbico "frociaggine" em italiano durante a conversa com a Conferência Episcopal Italiana.

Foto: Reprodução de vídeo

Repercussão e reação

Os bispos presentes disseram ao Corriere della Sera que o pontífice "não tinha consciência" do quão ofensiva a palavra é em italiano, sua segunda língua. Afirmaram também que "a gafe do papa foi evidente" para todos os presentes. O Vaticano, até o momento, não se pronunciou sobre o caso, que teria ocorrido no dia 20 de maio.

Contradições na postura de acolhimento

Desde sua eleição em 2013, Papa Francisco, 87 anos, tem orientado a Igreja Católica a adotar uma postura mais acolhedora com os fiéis LGBTQIA+. Em dezembro do ano passado, ele autorizou a bênção a casais do mesmo sexo, embora tenha mantido o veto ao casamento homoafetivo. O pontífice destacou que a bênção litúrgica não deve se assemelhar ao casamento, afirmando que "essa bênção nunca será realizada ao mesmo tempo que ritos civis de união, nem em conexão com eles, para não produzir confusão com a bênção do sacramento do matrimônio".

Histórico de declarações inclusivas

Papa Francisco já fez várias declarações de acolhimento à comunidade LGBTQIA+. Em 2013, logo após uma viagem ao Brasil, ele disse: "Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?". Em janeiro de 2023, ele afirmou que a homossexualidade não é crime, mas é pecado, durante uma entrevista à agência Associated Press, onde também pediu o fim de leis que criminalizam a orientação sexual pelo mundo. "Ser homossexual não é crime", declarou. "Sim, mas é um pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime. Também é pecado não ter caridade com o próximo."

Reações conservadoras

A abertura de Papa Francisco para abençoar casais do mesmo sexo gerou uma forte reação da ala conservadora da Igreja, especialmente entre católicos dos Estados Unidos. Mesmo assim, o papa continua a promover uma abordagem mais inclusiva, enquanto reconhece que algumas lideranças católicas ainda apoiam leis discriminatórias contra a comunidade LGBTQIA+. Ele afirmou que esses bispos "precisam ter um processo de conversão" e devem agir com ternura, "como Deus tem por cada um de nós"
 

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