Azul Linhas Aéreas entra com pedido de recuperação judicial nos EUA

Companhia aérea aciona o Chapter 11 para reestruturar dívidas e garantir financiamento bilionário com apoio de parceiros estratégicos

Por Plox

28/05/2025 09h15 - Atualizado há 2 dias

A Azul Linhas Aéreas anunciou nesta quarta-feira (28) que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, utilizando o mecanismo do Chapter 11, recurso já utilizado anteriormente por outras empresas do setor aéreo.


Imagem Foto: Reprodução


A decisão ocorre diante das dificuldades enfrentadas recentemente pela companhia para levantar capital e reestruturar seu endividamento. A medida prevê a captação de cerca de 1,6 bilhão de dólares (R$ 9 bilhões) em financiamento DIP — linha de crédito específica para empresas em recuperação — e a eliminação de mais de 2 bilhões de dólares (R$ 11,3 bilhões) em dívidas acumuladas.



Segundo comunicado oficial, a Azul também poderá receber até 950 milhões de dólares (R$ 5,36 bilhões) em novos aportes de capital ao final do processo. O CEO da empresa, John Rodgerson, afirmou que os acordos firmados representam um passo decisivo para a transformação do negócio, com o objetivo de reposicionar a companhia como liderança no setor.



Entre os compromissos firmados, estão garantias de financiamento com a participação de parceiros estratégicos, incluindo a maior arrendadora da empresa, a AerCap, detentores de títulos e companhias aéreas como a United Airlines e a American Airlines. Estas últimas poderão investir até 300 milhões de dólares (R$ 1,69 bilhão), sob determinadas condições. Está prevista ainda uma oferta de subscrição de ações no valor de até 650 milhões de dólares (R$ 3,66 bilhões).



A Azul era a única entre as três principais companhias aéreas que operam no Brasil a ainda não ter recorrido ao Chapter 11. A Latam utilizou o recurso durante a pandemia e encerrou o processo em 2022, enquanto a Gol entrou com o pedido no início de 2024 e tem previsão de encerramento para junho deste ano.



O agravamento do cenário financeiro da Azul foi determinante para a decisão. No primeiro trimestre deste ano, o índice de alavancagem subiu para 5,2 vezes, frente a 4,9 vezes no fim de 2024 e 3,7 vezes no mesmo período do ano passado. A dívida bruta da empresa chegou a R$ 34,6 bilhões em março, representando um aumento de 42% em relação ao ano anterior.



Apesar de esforços anteriores para evitar a recuperação judicial, a companhia agora avalia que somente após a recuperação operacional conseguirá realizar uma nova oferta de ações. O atual cenário também traz incertezas sobre uma possível fusão com a Gol, cujas negociações estavam em andamento desde janeiro, e dependem da conclusão do processo da rival.


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