Desafio do desodorante: menina de 8 anos morre e acende alerta em Brasília
Tragédia envolvendo criança no DF escancara os riscos de desafios virais na internet e leva pais a buscarem estratégias urgentes de proteção
Por Plox
28/05/2025 08h49 - Atualizado há 4 dias
Um clique, uma brincadeira — e, em segundos, a tragédia. A internet, muitas vezes vista como uma aliada no cotidiano, pode esconder armadilhas fatais, principalmente para os mais jovens. No Distrito Federal, a morte de Sarah Raíssa Pereira, de apenas 8 anos, após inalar desodorante em um desafio viral, colocou famílias em alerta.

O episódio ocorreu em abril e é investigado pela Polícia Civil. Sarah teria participado do chamado 'desafio do desodorante', prática difundida nas redes sociais, que incentiva o uso de aerossóis de forma perigosa. Esse não é um caso isolado. Outros desafios circulam entre jovens, incentivando desde a automutilação até atos arriscados em troca de curtidas.
Para Wesley Francisco, tatuador e morador de Sobradinho, o papel dos influenciadores digitais é crucial. Ele monitora atentamente o conteúdo acessado por sua filha Raquel Felícia, de 11 anos. “Quem posta certos conteúdos deveria ser responsabilizado. Criança não tem noção do risco”, afirma. Wesley também enfatiza a importância de uma relação próxima com os filhos: “Se você é amigo do seu filho, vai saber o que está acontecendo”.
Maria Silva, autônoma em Samambaia e mãe de três filhos, também adota uma postura vigilante. Sua filha Raquel Freitas, de 15 anos, não possui celular próprio — uma escolha baseada em segurança. “Tem muito conteúdo perigoso. Na época do desafio da Baleia Azul, meus filhos ficaram aterrorizados”, relembra.
A especialista Izabella Melo, professora de psicologia do Ceub, alerta que a fase da infância e adolescência é marcada pela construção da identidade e da moral. “As redes sociais estão moldando essas experiências. Crianças participam de desafios para evitar exclusão ou ganhar aceitação”, explica. Ela defende políticas públicas que deem suporte às famílias, permitindo presença e supervisão real dos pais.
Por trás da disseminação dessas práticas está uma cultura digital que valoriza o absurdo. Quanto mais extremo o conteúdo, mais visualizações. Essa lógica é especialmente perigosa para jovens em desenvolvimento emocional.
O advogado criminalista Alexandre Carvalho pontua a ausência de uma legislação específica no Brasil que responsabilize diretamente as plataformas digitais por esse tipo de conteúdo. “Hoje, não há punição criminal para as empresas. Mas, caso o autor do desafio seja identificado, ele pode responder civilmente por incitação ao suicídio”, afirma. Para ele, a solução passa por um caso emblemático que possa marcar jurisprudência.
Diante dessa realidade, cresce entre os pais a busca por formas de proteger sem isolar. E cresce também o apelo por regulamentação, responsabilidade digital e, principalmente, atenção ativa no universo online dos filhos.