Família descobre cremação indevida de pai de santo em cemitério de SP
Corpo de Odair dos Santos foi cremado por engano, sem consentimento dos parentes; procedimento contraria fundamentos da umbanda
Por Plox
28/05/2025 22h30 - Atualizado há 2 dias
O corpo de Odair dos Santos, pai de santo da umbanda que morreu em janeiro de 2022, foi cremado por engano em um cemitério localizado na Zona Leste de São Paulo, contrariando os princípios religiosos da família e sem qualquer autorização dos parentes.

O equívoco só foi descoberto recentemente, quando os filhos solicitaram a exumação do corpo para transferi-lo para um jazigo recém-adquirido. A intenção da família era cumprir os desejos religiosos de Odair, que repudiava a cremação — prática não permitida pela religião que seguia.
Inicialmente, em 30 de abril de 2025, a concessionária Velar, responsável pela administração do Cemitério São Pedro, informou que o corpo ainda não estava apto para exumação e orientou a família a retornar dois dias depois com urna e transporte adequados. Esse processo custou à família mais de R$ 1.400.
No entanto, no dia 2 de maio, ao retornarem ao cemitério, os filhos encontraram o túmulo de Odair revirado. A administração do local então revelou que, um dia antes, o corpo havia sido cremado erroneamente.
Kleber dos Santos, filho de Odair, lamentou: “Ele abominava. Na nossa religião, não se permite cremação. Meu pai atendeu dezenas de pessoas durante a vida, só fazendo o bem. Foram 58 anos de trabalho com a sociedade.”
A família também afirma não ter certeza se as cinzas entregues realmente pertencem a Odair dos Santos. Um documento fornecido pela Velar explica que houve dois pedidos de exumação para o mesmo dia, envolvendo sepulturas localizadas na mesma quadra, e que o erro ocorreu devido a uma falha na identificação.
“Não conseguimos fazer a vontade dele. Tiraram isso da gente, ceifaram isso da gente”, desabafou Flávia dos Santos, filha do pai de santo. A família anunciou que pretende processar a concessionária pelo ocorrido.
Em nota oficial, a empresa Velar reconheceu o erro, afirmou que notificou a família assim que teve ciência da cremação indevida e garantiu a devolução integral dos valores cobrados. A empresa também declarou que está revisando seus protocolos internos para evitar que novos casos semelhantes ocorram.
Já a Prefeitura de São Paulo informou que a SP Regula, órgão de fiscalização, iniciou uma investigação interna para avaliar a responsabilização da concessionária.
A comoção em torno do caso levanta reflexões sobre o respeito às práticas religiosas e a responsabilidade das concessionárias que gerem cemitérios públicos.