Moraes expõe contradições de testemunha de Anderson Torres no STF
Ministro confronta ex-chefe de gabinete sobre declarações em meio a episódios de violência durante a transição de governo
Por Plox
28/05/2025 11h14 - Atualizado há 15 dias
Durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes fez duras observações a Antonio Lourenzo, ex-chefe de gabinete de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.

A testemunha afirmou que a transição de governo havia transcorrido de forma tranquila e de acordo com os protocolos oficiais. No entanto, Moraes rebateu essa narrativa, recordando os eventos de 12 de dezembro de 2022, data da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, quando ônibus foram incendiados, prédios públicos depredados e houve tentativa de invasão à sede da Polícia Federal.
Diante da omissão de respostas por parte do Ministério da Justiça após esses acontecimentos, Moraes questionou Lourenzo sobre uma declaração feita por ele: \"Assim funciona a esquerda, não é governo, não tem poder nem autoridade alguma sobre a matéria, mas convoca a coletiva, faz estardalhaço e, como sempre, sem resultado prático algum; Brasil rumo a um buraco vergonhoso\". Lourenzo confirmou ter dito isso, explicando que foi uma reação pessoal \"no calor da emoção\".
O magistrado ainda o pressionou sobre a suposta neutralidade técnica da transição, e Lourenzo acabou admitindo que sua declaração não condizia com uma postura técnica. Ele reconheceu que, apesar da intenção institucional, o Ministério da Justiça ainda era comandado pela gestão anterior durante os tumultos.
Alexandre de Moraes também rememorou outra publicação feita pelo ex-assessor, na qual comparava o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, a um \"adolescente metido a influencer\". Lourenzo voltou a justificar o comentário como um desabafo nas redes sociais motivado pela emoção do momento.
Durante a semana, Moraes tem feito intervenções incisivas nos depoimentos, ao contrário do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que tem adotado uma postura mais reservada. A linha adotada por Moraes tem sido a de confrontar as tentativas das testemunhas em amenizar a suposta conivência de Anderson Torres com os discursos e posicionamentos de Jair Bolsonaro.
Os depoimentos seguem em andamento, em meio a investigações que buscam esclarecer responsabilidades sobre a atuação do Ministério da Justiça nos dias que antecederam os atos golpistas de 8 de janeiro.