Anúncios publicitários consomem em média 40% dos pacotes de dados
Saiba como evitar este consumo indesejado.
Por Plox
28/06/2022 16h38 - Atualizado há cerca de 3 anos
Os anúncios publicitários que aparecem na tela do celular dos internautas, são considerados vilões pelo fato de ocupar tempo. Mas eles podem, além disso, representar desperdício de dinheiro. Segundo dados do SindiTeleBrasil (atual Conexis Brasil Digital), eles consomem em média 40% do pacote de dados. Num plano mensal de R$ 54,99 com uma franquia de 12 GB, por exemplo, R$ 21,98 são gastos com propagandas que o usuário não pediu.
O grande cerne da questão é que conforme o modelo adotado hoje no mercado de telefonia móvel do país, o usuário não consegue controlar o que será abatido da sua franquia. O cidadão brasileiro paga pelo acesso à internet, mas fica privado de usufruir totalmente do acesso à informação a que tem direito e de saber exatamente pelo que está pagando. Embora os dados tenham sido levantados há quase seis anos, de lá para cá nenhuma providência foi adotada para mudar este cenário.
Conforme levantamento realizado pelo IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), os pacotes de dados para as classes mais pobres duram em média 21 dias e o preço médio pago por estes pacotes é de R$ 43 por mês. A pesquisa ainda apontou indicadores de privação do acesso através dos serviços contratados, apontando que 74% destes usuários tiveram de buscar conexão via WiFi, 67% ficaram com acesso restrito por conta das limitações dos pacotes e 58% ficaram sem o acessar a internet por conta do fim de sua franquia de dados.
Impactos socioeconômicas
A conexão tem sido tratada como se fosse um serviço de água ou energia elétrica, que pode ser mensurado conforme o consumo, com isso o atual modelo acaba criando uma falsa sensação de escassez. O argumento utilizado é o de que as operadoras não conseguem oferecer o serviço de que o consumidor necessita sem impor limitações.
Como o acesso à internet se tornou vital, o usuário consome seu pacote de dados em menos tempo e, para não perder a conectividade, acaba sendo obrigado a pagar mais. Este tema influencia diretamente no desenvolvimento socioeconômico do país. Segundo o estudo “O Abismo Digital no Brasil” elaborado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a PwC, 58% dos usuários têm o celular como único meio de acesso à internet.
O estudo também aponta que 95,7 milhões de brasileiros que possuem celular têm planos pré-pagos e precisam usar dados apenas nos limites preestabelecidos. Carente de conexão, boa parte da população não consegue usufruir proveitosamente as oportunidades de trabalho, estudo, negócios e desenvolvimento de novas habilidades que a internet pode oferecer.
No início de 2021, através do acórdão 040.468/2019–4, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) resolva a questão envolvendo o controle sobre o abatimento da franquia de dados dos usuários. Até hoje, no entanto, ainda não foi aplicado um mecanismo eficiente para resolver o problema.
Uma das formas do próprio usuário tentar cercar este consumo indesejado, é utilizar os chamados adblocker, uma espécie de programa instalados nos navegadores, com o intuito de bloquear as publicidades. Segundo a pesquisa da empresa canadense Blockthrough, o número de usuários de adblocker alcançou a marca de 200 milhões em 2020, um crescimento de 435% em relação a 2019. Outra possibilidade que pode ser usada pelos usuários, é reclamar juntos aos Procons ou até mesmo na própria Anatel, sempre que se sentir lesado quanto ao abatimento de dados de sua franquia.