Após negativa de quatro hospitais, vítima de estupro em SP relata questionamento inapropriado de médico
Paciente relata questionamento inapropriado de médico durante ultrassonografia; prazo de 48 horas para cumprimento da decisão judicial
Por Plox
28/06/2024 09h42 - Atualizado há 7 meses
Uma mulher que sofreu violência sexual teve seu pedido de aborto legal negado por quatro hospitais em São Paulo, o que a levou a buscar a Justiça para garantir seu direito. Segundo a vítima, duas das recusas ocorreram durante consultas presenciais e outras duas por telefone. A decisão judicial ordenou que a Prefeitura de São Paulo agende o procedimento em até 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento.

A mulher relatou que um dos médicos chegou a perguntar se ela gostaria de saber o sexo do bebê durante uma ultrassonografia, apesar de estar ciente de que a gravidez resultava de um estupro. "Ele me perguntou se eu queria saber o sexo do neném, sugerindo que eu pensasse em um nome caso não conseguisse o aborto. Eu disse que não queria saber", contou a vítima.
A Justiça de São Paulo, em caráter de urgência, determinou a realização do aborto, após a mulher receber negativas consecutivas. Em um dos casos, a equipe do Hospital Municipal do Campo Limpo informou que não poderia realizar o procedimento devido à idade gestacional da paciente, que estava com 26 semanas e 3 dias, e sugeriu que ela procurasse a Defensoria Pública.
A paciente também relatou que, ao buscar ajuda no Hospital da Mulher, foi informada que, por estar com 24 semanas, o aborto não poderia ser realizado ali. Em seguida, ela procurou o Hospital Municipal Tide Setúbal, onde teve o atendimento negado por telefone. No Hospital Municipal do Tatuapé, foi informada que não havia profissionais disponíveis para realizar o aborto legal.
A Defensoria Pública interveio e solicitou à Prefeitura de São Paulo que providenciasse o atendimento no Hospital Municipal do Campo Limpo, mas o procedimento foi novamente negado.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, todos os protocolos legais e normativos federais são seguidos para garantir a segurança e o atendimento humanizado às mulheres vítimas de violência sexual. No entanto, a paciente ainda aguarda a resposta da Prefeitura sobre o local de atendimento.
Atualmente, a legislação brasileira permite a realização de aborto legal em casos de estupro, risco de vida para a mãe ou anencefalia do feto, sem limite de idade gestacional. A Justiça de São Paulo tem decisões que obrigam a realização do aborto legal na cidade, mesmo após 22 semanas de gestação.
A paciente espera que a determinação judicial traga uma solução rápida e que outras mulheres não passem pelas mesmas dificuldades. "Só quero exercer meu direito previsto por lei", concluiu.