Davi Alcolumbre articula para derrubar Alexandre Silveira do Ministério de Minas e Energia
Uma das frentes mais evidentes dessa disputa foi exposta durante negociações envolvendo a Medida Provisória do IOF, tributo sobre operações financeiras
Por Plox
28/06/2025 11h24 - Atualizado há 3 dias
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) tem intensificado suas articulações para remover Alexandre Silveira (PSD-MG) do comando do Ministério de Minas e Energia. O movimento, revelado por fontes ouvidas pelo Estadão, expõe uma crise interna na base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e coloca em rota de colisão antigos aliados. Apesar de ter sido o próprio Alcolumbre quem indicou Silveira para o ministério, o senador agora trabalha para substituí-lo a qualquer custo.

IOF e barganhas políticas: o pano de fundo
Uma das frentes mais evidentes dessa disputa foi exposta durante negociações envolvendo a Medida Provisória do IOF, tributo sobre operações financeiras. Segundo apuração do Estadão, Alcolumbre teria oferecido apoio ao relator da proposta, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), para aprovar o texto em troca de um benefício: o aumento do número de deputados no Congresso. A suposta barganha seria parte de uma estratégia maior do senador para aumentar sua influência política e, com isso, viabilizar a saída de Silveira da pasta.
A origem do conflito: da indicação à rejeição
Alexandre Silveira chegou ao ministério por intermédio direto de Davi Alcolumbre. À época da formação do governo Lula, o senador era um dos principais articuladores políticos e teve papel central na montagem da Esplanada dos Ministérios. Silveira, então senador licenciado, foi escolhido como uma figura de confiança, representando os interesses do grupo político liderado por Alcolumbre no Congresso.
No entanto, a relação entre os dois teria se desgastado ao longo dos últimos meses. Fontes do governo afirmam que Alcolumbre se incomodou com a crescente autonomia de Silveira e com sua aproximação direta com Lula e a primeira-dama Janja da Silva, que passou a demonstrar simpatia pelo ministro.
Resistência no Planalto e impasse político
A movimentação de Alcolumbre, contudo, enfrenta forte resistência dentro do Palácio do Planalto. Lula, segundo aliados, estaria satisfeito com a atuação de Silveira à frente do Ministério de Minas e Energia, especialmente por sua condução de pautas sensíveis envolvendo a Petrobras e o setor energético. Janja também teria manifestado preferência pela permanência do ministro, o que dificulta ainda mais as investidas do senador.
Além disso, o nome de Joesley Batista, empresário do grupo J&F, também surge como apoiador de Silveira, embora sem declarações públicas. A possível simpatia de empresários com influência política torna o xadrez ainda mais complexo.
Conclusão: embate expõe racha na base governista
O caso escancara os conflitos internos e o jogo de forças dentro da base aliada de Lula no Senado. A tentativa de Alcolumbre de remover um ministro que ele mesmo ajudou a emplacar revela a fragilidade das alianças políticas em Brasília e como interesses individuais podem se sobrepor à estabilidade da equipe ministerial.
Enquanto isso, Silveira segue no cargo, amparado pelo núcleo mais próximo do presidente.