Inflação estoura meta por seis meses e força nova carta do BC ao governo

Com IPCA acumulado acima de 4,5% por meio ano, Banco Central terá de justificar descumprimento da meta de inflação e explicar medidas

Por Plox

28/06/2025 10h32 - Atualizado há 1 dia

Desde janeiro deste ano, o Brasil adota o sistema de meta contínua de inflação, que considera o IPCA acumulado em 12 meses mês a mês. Agora, esse modelo leva o Banco Central a elaborar uma nova carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isso porque a inflação superará, pela sexta vez consecutiva, o teto de 4,5%, configurando oficialmente o descumprimento da meta.


Imagem Foto: Agência Brasil


A confirmação do estouro virá com a divulgação do IPCA de junho, marcada para o próximo dia 10 de julho. Em maio, a inflação acumulada em 12 meses já estava em 5,32%, e a estimativa do mercado para junho é de alta de 0,27%, mantendo o indicador acima de 5%.



Essa nova carta aberta do BC deve apresentar três pontos centrais: uma análise detalhada das razões que causaram o descumprimento, as medidas previstas para reverter o quadro inflacionário e o prazo estimado para retorno ao intervalo permitido, entre 1,5% e 4,5%.



De acordo com projeções oficiais, esse retorno só deve acontecer no primeiro trimestre de 2026. O Banco Central aponta que fatores como forte atividade econômica, desvalorização do real e eventos climáticos extremos impactaram os índices, especialmente em 2024, ano em que a meta também foi estourada.



Para tentar reverter esse cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros (Selic) para 15% ao ano em junho, o maior patamar em duas décadas. A decisão reflete a tentativa de conter as pressões inflacionárias e reancorar as expectativas do mercado.



O próprio BC já afirmou que o juro alto deverá permanecer por um longo período. Na última ata do Copom, divulgada em maio, foi reforçado que a estratégia de manter a Selic elevada também contribui para desacelerar a atividade econômica, o que, segundo a instituição, já está em curso.



Atualmente, a economia brasileira opera com um 'hiato do produto' positivo, ou seja, acima de sua capacidade sem gerar inflação adicional. No entanto, a desaceleração prevista poderá ter efeitos negativos no emprego.



\"A inflação acumulada em doze meses está acima da meta por seis meses seguidos, o que exige nova carta do Banco Central explicando os motivos e o caminho de volta ao controle\"


O novo modelo de metas busca evitar reações a variações temporárias e reforça o compromisso de estabilidade no médio prazo. Mesmo assim, o BC terá que renovar sua explicação ao governo se a inflação não retornar ao intervalo de tolerância dentro do prazo estipulado, ou se houver necessidade de atualizar as medidas adotadas.


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