Riqueza dos 1% mais ricos poderia erradicar pobreza global 22 vezes, aponta Oxfam
Estudo revela que elite econômica acumulou US$ 33,9 trilhões desde 2015, enquanto metade da população mundial vive na pobreza
Por Plox
28/06/2025 11h46 - Atualizado há 1 dia
Desde 2015, a concentração de riqueza nas mãos do 1% mais rico da população mundial atingiu níveis alarmantes. De acordo com o relatório 'Do Lucro Privado ao Poder Público', divulgado pela Oxfam Internacional, essa elite econômica acumulou US$ 33,9 trilhões em apenas uma década. Esse montante seria suficiente para erradicar a pobreza global anual 22 vezes.

O estudo destaca que cerca de 3 mil bilionários viram suas fortunas crescerem em US$ 6,5 trilhões no mesmo período, representando agora 14,6% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Enquanto isso, mais de 3,7 bilhões de pessoas continuam vivendo na pobreza, com menos de US$ 8,3 por dia.
A análise também revela que, entre 1995 e 2023, a riqueza privada global aumentou em US$ 342 trilhões, oito vezes mais que a riqueza pública, que cresceu apenas US$ 44 trilhões. Essa disparidade evidencia uma tendência de priorização do lucro privado em detrimento do bem-estar coletivo.
Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil, afirmou que o país é 'um retrato escancarado do fracasso do atual modelo de desenvolvimento global, que prioriza lucros privados em vez do bem-estar coletivo'. Ela defende a urgência de um pacto global baseado em 'justiça tributária', 'fortalecimento do setor público' e 'reparação histórica'.
O relatório também aponta que os países do G7, responsáveis por 75% da ajuda oficial ao desenvolvimento, planejam reduzir seus repasses em 28% até 2026. Essa decisão ocorre em um momento em que 60% dos países de baixa renda estão à beira do colapso, gastando mais com credores do que com saúde e educação.
Segundo a Oxfam, esse cenário pode resultar em 2,9 milhões de mortes adicionais por HIV/AIDS até 2030. Diante disso, a organização pede novas alianças para combater a desigualdade, revitalizar a ajuda humanitária, taxar os super-ricos e priorizar o setor público sobre o privado.
A concentração de riqueza e a redução da ajuda ao desenvolvimento colocam em risco os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. A Oxfam enfatiza a necessidade de uma nova agenda que posicione o poder público acima do lucro privado, promovendo justiça social e equidade econômica.